Um
dos maiores exportadores de suco de laranja do país, o deputado Nelson
Marquezelli faz coro com os ambientalistas ao defender que Dilma derrube na
integralidade o projeto aprovado pelo Congresso.
A
bancada ambientalista ganhou um inesperado aliado na pressão para fazer a
presidenta Dilma Rousseff vetar o Código Florestal, aprovado na última
quarta-feira (25) pelo Congresso. O texto foi aprovado com amplo apoio dos
integrantes da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) e provocou protestos de
petistas, parlamentares ambientalistas e organizações não governamentais
ligadas à preservação do meio ambiente. O aliado inesperado é o deputado Nelson
Marquezelli (PTB-SP). Um dos maiores exportadores de suco de laranja do país,
integrante da bancada ruralista na Câmara, o petebista disse ao Congresso em
Foco que se estivesse no lugar da presidenta Dilma Rousseff “vetava o texto
inteiro”.
“Se ela entender bem, vai vetar o Código inteiro.
E vai chegar carregada na Rio + 20”, disparou Marquezelli. Para ele, Dilma
deveria chamar especialistas em agricultura e em meio ambiente e,
posteriormente, editar uma medida provisória ou uma portaria regulamentando a
questão. Mas os motivos para o petebista pedir o veto são diferentes dos
ambientalistas.
Marquezelli questiona, por exemplo, a
possibilidade de os produtores serem penalizados por terem desmatado antes da
reforma do Código Florestal. Ele também critica duramente o papel dado ao
Ministério Público. Para ele, os “promotores não conhecem o Brasil”. “O
promotor vai propor a desapropriação da terra e prisão do produtor por não
cumprir a lei. Ele não quer saber se produtor está produzindo ou não mil litros
de leite por dia ou dez litros”, afirmou.
A posição de Marquezelli é minoritária dentro
da FPA. A bancada ruralista, de acordo com o deputado Moreira Mendes (PSD-RO),
está satisfeita com o texto. Para os integrantes da frente, ele dá segurança
jurídica aos produtores. O petebista discorda. Disse preferir as portarias do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O motivo é simples: não há
punição criminal para quem desmatar e descumprir a legislação ambiental.
Franco, Marquezelli faz uma outra avaliação
sobre o Código aprovado. Como exportador de suco de laranja, entende que as
novas regras são boas para os médios e grandes produtores, exatamente como
argumentam os ambientalistas. Com menor área de plantio, o preço das
commodities vai subir. No caso do petebista, a laranja.
“O preço está baixo. Se eu tirar 1,8 milhão de
pés de laranja [pela necessidade de reflorestamento prevista no Código], vai
faltar laranja e subir o preço. Então eu não posso falar que estou sendo
prejudicado. Eu estou sendo favorecido. Quem está sendo prejudicado é o país
porque vai ter uma quantidade menor de suco para exportar, tanto industrial,
quanto produtor vai ganhar mais”, afirmou.
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