sexta-feira, 18 de maio de 2012

Serejo: Paradoxo de mim


Paradoxo de mim

 Por: Vicente Serejo


Maior trunfo, maior desafio. Maior brilho, maior medo. Maior talento, maior algoz. Não precisamos de inimigos, basta nós mesmos. Somos nosso melhor amigo. Paradoxo de mim.

Constatar que nossa maior qualidade pode se tornar nosso maior defeito, trabalhando contra nós quando não temos conhecimento, não aceitamos ou não sabemos como canalizar da forma correta.

Fazer as pazes com a sensibilidade que, no papel, é poesia, mas, na vida, é vendaval.  Dar as mãos para a exigência e o perfeccionismo, que se esmera, porém não dá trégua. Olhar com fraternidade para a tenacidade, que promove, mas não permite descanso. Acolher com ternura o medo protetor, que nos priva da liberdade. Olhar nos olhos com compreensão para o jeito desprendido de encarar a vida, que faz circular o ar em nossas entranhas, no entanto, nos desorienta do foco da verdade. Paradoxo de mim.

Desafiar o desafio, aceitando-o. Organizar a harmonia, desconstruindo-a e ressignificando-a. Admitir-se só na concepção de criatura única para todo o sempre. Alterar o rumo dos caminhos, transformando-se. Despolarizar é preciso.

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