A
decisão da presidente Dilma Rousseff de sancionar o Código Florestal aprovado
pela Câmara seria "trágica" para a Rio+20, que será realizada no
próximo mês, no Rio. Em entrevista ao Estado, o diretor mundial da entidade
ambientalista WWF, Jim Leape, apela para que Dilma vete a lei. Uma das maiores
e mais tradicionais ONGs de meio ambiente não disfarça que a lei pode ter um
impacto negativo, não apenas no Brasil, mas nas campanhas para frear o
desmatamento. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como
a comunidade ambiental internacional vê a aprovação do Código Florestal no
Brasil, faltando pouco para a Rio+20?
Seria um
tragédia ver a aprovação dessa lei antes da Rio+20. A conferência será o palco
do Brasil para o mundo. Até hoje, a conservação da floresta tem sido um ponto
positivo para o Brasil. Em dez anos, o ritmo de desmatamento caiu em 70%. Mas a
aprovação do Código teria um impacto muito negativo na imagem do País.
O
que o sr. espera da presidente Dilma Rousseff agora?
Estamos
apelando para que ela tome uma decisão clara de vetar a lei. É importante que
ela a vete. É uma lei que ameaça minar a conservação em todo o País e mesmo os
esforços internacionais. Reformas na lei terão de ser feitas. Mas esse Código,
como foi aprovado, torna a conservação da mata uma tarefa impossível.
O
projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado. Não seria errado
vetar algo que o Congresso decidiu?
O
Congresso foi fortemente pressionado por determinados setores da economia.
Sabemos, por outro lado, que a população brasileira está fortemente se
posicionando contra a lei. Dilma prometeu em sua campanha um certo
posicionamento e agora terá de enfrentar a situação e mostrar que é uma
liderança na construção de uma economia sustentável.
Muitos
ambientalistas têm criticado a posição do Brasil nas negociações do texto da
Rio+20, alertando que o País não tem feito avançar a agenda do meio ambiente.
Qual a posição da WWF?
Nesse
momento não vemos nenhum impulso para que haja um resultado significativo da
conferência no Rio. O Brasil, como anfitrião, poderia ter um papel diferente e
permitir que os países cheguem a um acordo.
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