segunda-feira, 14 de maio de 2012

As velhas raposas e as redes sociais

 Por: Vicente Serejo

Felipe Camarão, zona Oeste de Natal, um dos bairros mais violentos e abandonados da nossa de capital. É de lá que recebo notícias de que um tiroteio na madrugada matou dois e feriu outro. Quem conta, em tempo real, é um morador que, acuado, viu no Twitter uma forma de expressar os momentos de terror daquela noite.

Quem mora em Natal sabe que tiroteios e homicídios são fatos corriqueiros naquela região. Se não fossem pelas informações no microblog, seria mais uma notícia sangrenta e irrelevante no periódico do dia seguinte. O fato é que tudo se torna maior e mais imediato quando repercutido nas redes sociais.

Através dessa ferramenta, deixamos de ser meros observadores, passamos a exercer o que só conhecíamos de ouvir falar: a liberdade de expressão. Podemos protestar, denunciar, elogiar, opinar sobre tudo e todos que nos rodeiam e temos a certeza que seremos ouvidos.

Vivemos uma revolução silenciosa e poderosa, a revolução das redes sociais que influi diretamente no comportamento humano, nas opiniões e, principalmente, na política. Se a população vive um novo momento, os políticos estão sendo obrigados a mudar também.

As falhas administrativas, que pouca gente notava no passado, agora ficam mais evidentes. As decisões precipitadas, erradas e que beneficiam um grupo pequeno da população são reveladas, criticadas e repassadas em minutos para os mais diversos públicos, que antes se sentiam impotentes para mudar seu futuro.

Essa revolução dificultou a vida dos políticos que teimam em elaborar planos “de poder” e não planos sociais – aqueles acostumados a mancomunar acordos em gabinetes fechados bem longe dos apelos da sociedade. Não há mais espaço para tais atitudes. Alguns serão exterminados já nas próximas eleições. Porém, não sejamos inocentes, as velhas raposas são astutas o suficiente para se passarem por cordeiros virtuais.

Juliana Celli
Jornalista

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