Felipe Camarão, zona Oeste de Natal, um dos bairros
mais violentos e abandonados da nossa de capital. É de lá que recebo notícias
de que um tiroteio na madrugada matou dois e feriu outro. Quem conta, em tempo
real, é um morador que, acuado, viu no Twitter uma forma de expressar os
momentos de terror daquela noite.
Quem mora em Natal sabe que tiroteios e homicídios
são fatos corriqueiros naquela região. Se não fossem pelas informações no
microblog, seria mais uma notícia sangrenta e irrelevante no periódico do dia
seguinte. O fato é que tudo se torna maior e mais imediato quando repercutido
nas redes sociais.
Através dessa ferramenta, deixamos de ser meros
observadores, passamos a exercer o que só conhecíamos de ouvir falar: a
liberdade de expressão. Podemos protestar, denunciar, elogiar, opinar sobre
tudo e todos que nos rodeiam e temos a certeza que seremos ouvidos.
Vivemos uma revolução silenciosa e poderosa, a
revolução das redes sociais que influi diretamente no comportamento humano, nas
opiniões e, principalmente, na política. Se a população vive um novo momento,
os políticos estão sendo obrigados a mudar também.
As falhas administrativas, que pouca gente notava
no passado, agora ficam mais evidentes. As decisões precipitadas, erradas e que
beneficiam um grupo pequeno da população são reveladas, criticadas e repassadas
em minutos para os mais diversos públicos, que antes se sentiam impotentes para
mudar seu futuro.
Essa revolução dificultou a vida dos políticos que
teimam em elaborar planos “de poder” e não planos sociais – aqueles acostumados
a mancomunar acordos em gabinetes fechados bem longe dos apelos da sociedade.
Não há mais espaço para tais atitudes. Alguns serão exterminados já nas
próximas eleições. Porém, não sejamos inocentes, as velhas raposas são astutas
o suficiente para se passarem por cordeiros virtuais.
Juliana Celli
Jornalista
Jornalista
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