Há
uma mística nos encontros e desencontros. As pessoas escolhem e são escolhidas.
E mudam de ideia, tempos depois. Constroem um novo cenário com alegorias de
carne e osso, momento a momento. Autorizam um contato que vai perdurar ou não.
Um segredo que foge aos que não prestam atenção aos detalhes.
As
situações novas e os novos lugares são ideais para desvendar as nuances deste
segredo. Sem conhecer ninguém, cara a cara com o desconhecido, milagrosamente
nos abrimos. A mente permite novas entradas, que irão mexer com o que já
existe. Libera espaço para a novidade se estabelecer.
É
no descanso que os encontros acontecem. O mar precisa estar calmo. E na paz
interior que o amor próprio se sente à vontade. E no habitat amado, outros
querem estabelecer ninhos.
Quando
nos distraímos do foco da seleção e da lista interminável de exigências é que
somos encontrados. A forma passiva de encontrar é que promove verdadeiramente
os encontros. A sabedoria das borboletas nos jardins… A flor mais bonita não
faz esforço algum para ser polinizada.
O
olhar único desfavorece as parcerias. Quando estamos atentos aos detalhes do
cotidiano, experienciando um dia após o outro, com a tranquilidade de um
viajante que vê novidade em tudo, com um olhar plural, simplesmente atraímos
aquilo que procurávamos e, ansiosamente, dávamos nome, sobrenome e todas as
especificações possíveis. O encontro se processa na surpresa – precioso
presente, muito além dos nossos melhores sonhos.
Andar
em círculos ou mover-se agitadamente nos afasta do ponto que estamos buscando.
Ao passo que sentar e aguardar, observando as paisagens em volta, indica que
distância está próxima do fim. “Dizem que tudo o que buscamos também nos busca
e, se ficarmos quietos, o que buscamos nos encontrará. É algo que levou muito
tempo esperando por nós. Enquanto não chega, nada faça. Relaxe. Logo verás o
que acontece enquanto isso”, já observou a psicoterapeuta junguiana Clarissa
Pinkola, em seu livro “Mulheres que correm com os lobos”.
Ser
encontrado geralmente traz melhores resultados do que buscar encontrar. Porque
pessoas não são metas a serem atingidas. É místico observar quem está ao nosso
redor, por que gostamos de desta ou daquela característica, o que nos uniu,
como nossos ímãs se atraíram e começaram a escrever uma história. Muitas vezes,
as histórias iniciam na similaridade, mas é na diferença, na particularidade,
que se perpetuam.
Escolhemos
e somos escolhidos a todo momento. Chegamos e deixamos ir. O livre arbítrio das
relações humanas está aí para ser orientado por influências mais sutis.
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