Quatro
comunidades indígenas da etnia Kaiowá Guarani situadas na fronteira entre o
Brasil e o Paraguai participam de uma iniciativa que busca proporcionar às
aldeias o reconhecimento mútuo e o fortalecimento de suas identidades. Através
de oficinas de fotografia, redação e desenho, crianças e adolescentes das
comunidades Panambizinho, Kurusu Ambá, Teyi’Kue, e Reko Pavẽ são incentivadas a
conhecer sua própria história, trocar experiências e, dessa forma, contribuir
para reorganizar e fortalecer a luta pelos seus direitos.
A
ação foi concebida e realizada pelo projeto “Olhares Cruzados”, desenvolvido
pela OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Imagem da
Vida, com financiamento e execução conjunta do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD) e apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
“Ao
contrário dos outros projetos cujo intercâmbio realizou-se entre crianças de
países diferentes, neste o foco são quatro aldeias de uma mesma região”,
explica Dirce Carrion, coordenadora do projeto. “A situação dos povos guarani
na América do Sul, e especialmente no Brasil, é tremendamente frágil – há
problemas de alcoolismo, uso de drogas, suicídios”, destaca ela.
As
três aldeias localizadas em território brasileiro – Panambizinho, Kurusu Amba e
Teyi’Kue – já receberam as oficinas. Em maio, será a vez da comunidade Reko
Pave, no Paraguai.
Identidade
Guarani
O
significado da palavra “guarani” originalmente foi associado à guerra. Já a
palavra Kaiowá significa “gente da floresta”.
Os
povos guarani formam um dos maiores grupos da América do Sul e um dos mais
importantes das Américas. Atualmente, existem os seguintes grupos de língua
guarani: os Chiriguanos, ou Guarani, na Bolívia (60 mil); Kaiowá, ou Paĩ
Tavyterã (40 mil), Chiripa, Nhandeva ou Avá Guarani (30 mil) e Mbya (30 mil),
no Paraguai, Argentina, Uruguai e no Brasil. Em nosso país, os grupos guarani
estão distribuídos, majoritariamente, pelas regiões Centro-Oeste, Sul e
Sudeste.
Olhares
Cruzados
O
projeto Olhares Cruzados foi realizado em outros nove países além do Brasil: Angola,
Moçambique, Senegal, Haiti, Congo, Mali, Guiné Bissau, Cabo Verde e Bolívia; e
em dez estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Maranhão,
Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, Pará e Amazonas. Desde
seu início, em 2004, o projeto já possibilitou o conhecimento recíproco entre
1,5 mil crianças brasileiras de comunidades quilombolas e indígenas com outras
latino-americanas, africanas e de países fruto da diáspora africana.
Os
registros são sempre publicados em livros, que são depois distribuídos nas
comunidades e em escolas, bibliotecas e centros de cultura. São realizadas
exposições, documentários em vídeo e livros que são distribuídos nestas
comunidades, em escolas e bibliotecas no Brasil e no exterior. Já são nove
livros publicados e um em fase de edição.
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