Por:
Vicente Serejo
O
bom senso deveria ser o pedido “número um” das orações, o pleito mais
importante nas relações sociais, a meta mais inadiável de quem acorda todos as
manhãs. Filho predileto do respeito, o bom senso parte de princípios
relativamente esquecidos hoje em dia: se colocar no lugar do outro, agir
visando longo prazo e pensar no coletivo.
Imaginar
e se posicionar no lugar de outra pessoa antes de tomar uma decisão favorece
uma conclusão de bom senso. Dirijo a 40 km por hora na faixa da esquerda? Finjo
que não vi que a conta do restaurante não contabilizou as bebidas? Cumprimento
do porteiro ao chefe quando chegou ao trabalho? Devo trair meu parceiro ou
minha parceira, mesmo se for de forma bem disfarçada? As respostas podem ser
diversas, porque somos únicos, mas há um cordão moral que nos une. E este
cordão é avariado sempre que não pensamos no alvo de nossas ações. Com isso,
todo o sistema humano sofre abalo.
Ter
atitudes pensando no futuro é um convite a viver com bom senso. Poupo ou gasto
todo o meu dinheiro? Ignoro as advertências do médico? Separo meus resíduos
antes de jogar fora? Quanto tempo tem meu banho? Questões fundamentais para
diagnosticar se estamos vivemos como se o amanhã não existisse. Viver este tipo
de “presente”, por mais que o futuro seja incerto, compromete a qualidade do
futuro para quem o futuro é certo.
Pensar
em terceira pessoa nos poupa de tantas atrocidades que são realizadas
cotidianamente. Como devo proceder diante do dinheiro público? Preservo
patrimônios comuns? Como me comporto diante do poder? Meu trabalho beneficia a
sociedade em que vivo ou somente a mim? Colaboro com alguém ou com alguma
causa? Como é o meu olhar para as minorias? O que se tornou invisível para mim
no meio em que vivo? Mais uma bateria de perguntas que nos levam a checar o
grau do bom senso.
É
agradável imaginar quantas tragédias e injustiças poderiam ser evitadas se
vivêssemos sob estes três pilares do bom senso – jeito de viver que amplia as
possibilidades de se relacionar, de pensar a vida e nos insere no amor.
Besteira e perda de tempo para os que não estão preocupados em responder
perguntas, mas em respostas apenas para si mesmos. Utopia para os que ampliaram
a zona de pessoas e situações invisíveis ao seu redor por pura conveniência e
egoísmo. No entanto, sabemos que enxergamos muito pouco diante da imensidão
impossível ao olho nu. Cada vez mais, acredito que o bom senso mudaria o mundo.
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