terça-feira, 8 de maio de 2012

A grande Meta


Por: Vicente Serejo

O bom senso deveria ser o pedido “número um” das orações, o pleito mais importante nas relações sociais, a meta mais inadiável de quem acorda todos as manhãs. Filho predileto do respeito, o bom senso parte de princípios relativamente esquecidos hoje em dia: se colocar no lugar do outro, agir visando longo prazo e pensar no coletivo.

Imaginar e se posicionar no lugar de outra pessoa antes de tomar uma decisão favorece uma conclusão de bom senso. Dirijo a 40 km por hora na faixa da esquerda? Finjo que não vi que a conta do restaurante não contabilizou as bebidas? Cumprimento do porteiro ao chefe quando chegou ao trabalho? Devo trair meu parceiro ou minha parceira, mesmo se for de forma bem disfarçada? As respostas podem ser diversas, porque somos únicos, mas há um cordão moral que nos une. E este cordão é avariado sempre que não pensamos no alvo de nossas ações. Com isso, todo o sistema humano sofre abalo.

Ter atitudes pensando no futuro é um convite a viver com bom senso. Poupo ou gasto todo o meu dinheiro? Ignoro as advertências do médico? Separo meus resíduos antes de jogar fora? Quanto tempo tem meu banho? Questões fundamentais para diagnosticar se estamos vivemos como se o amanhã não existisse. Viver este tipo de “presente”, por mais que o futuro seja incerto, compromete a qualidade do futuro para quem o futuro é certo.

Pensar em terceira pessoa nos poupa de tantas atrocidades que são realizadas cotidianamente. Como devo proceder diante do dinheiro público? Preservo patrimônios comuns? Como me comporto diante do poder? Meu trabalho beneficia a sociedade em que vivo ou somente a mim? Colaboro com alguém ou com alguma causa? Como é o meu olhar para as minorias? O que se tornou invisível para mim no meio em que vivo? Mais uma bateria de perguntas que nos levam a checar o grau do bom senso.

É agradável imaginar quantas tragédias e injustiças poderiam ser evitadas se vivêssemos sob estes três pilares do bom senso – jeito de viver que amplia as possibilidades de se relacionar, de pensar a vida e nos insere no amor. Besteira e perda de tempo para os que não estão preocupados em responder perguntas, mas em respostas apenas para si mesmos. Utopia para os que ampliaram a zona de pessoas e situações invisíveis ao seu redor por pura conveniência e egoísmo. No entanto, sabemos que enxergamos muito pouco diante da imensidão impossível ao olho nu. Cada vez mais, acredito que o bom senso mudaria o mundo.

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