Ações pontuais defendendo que a prática da leitura
precisa ser incorporada à vida dos brasileiros são comuns em datas
comemorativas, como Dia Nacional do Livro Infantil, no próximo dia 18 de abril.
E, certamente, são válidas, porém insuficientes. Chamou-me a atenção a,
recentemente divulgada, pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada
pelo Instituto Pró-Livro, entre junho e julho de 2011, que entrevistou mais de
cinco mil pessoas em 315 municípios.
O estudo continua comprovando que o brasileiro lê
pouco. Além disso, demonstrou que a qualidade literária do que é lido e as
possíveis motivações para a leitura ainda estão aquém do que poderiam, especialmente
em relação aos países desenvolvidos.
Ao questionar os participantes sobre os gêneros que
costumam ler, a Bíblia foi citada por 42% e manteve-se no primeiro lugar da
lista, mesma posição ocupada na edição anterior da pesquisa, em 2007. Quase a
metade dos entrevistados! Claro que o Livro Sagrado do Cristianismo tem seu
valor literário e pode ser um grande incentivador para a prática da leitura.
Porém, o percentual leva a crer que o brasileiro lê por outros motivos que não
são o prazer em ler ou por terem compreendido como a leitura pode ser relevante
para o desenvolvimento humano. Não percebo a luz da consciência nas respostas
do levantamento.
Os livros didáticos foram citados por 32%, os
romances por 31%, os livros religiosos por 30% e os contos por 23%. Na lista
dos 25 livros mais marcantes indicados pelos entrevistados, os religiosos
levaram a melhor: o livro “Ágape”, do padre Marcelo Rossi, aparece em segundo
lugar na lista. Perde apenas para a própria Bíblia e para a obra “A Cabana”, do
canadense William Young. Vitória para a fé, mas empate para a leitura. E empate
nem sempre é um bom resultado, porque “quem não faz, leva”.
Sem políticas públicas efetivas e permanentes de
leitura, fica difícil mudar esta realidade “empatada”… “Empacada”… No RN, existem
ações nesta direção, vindas principalmente da iniciativa privada e do terceiro
setor, mas que parecem obstruídas pelo poder público – personagem fundamental
para fazer acontecer. O time entrou em campo de salto alto ou, talvez, apático
e não vem conseguindo alterar o placar para um contexto realmente vencedor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário