Apesar da força e disposição de expor-se a riscos,
Adriano Inguane aborda perspetiva sobre a terceira idade; o assunto é discutido
na Comissão Económica da ONU para a América Latina, Cepal.
Aos 68 anos, Adriano Inguane trabalha como
segurança numa residência no centro da capital moçambicana, Maputo. A
actividade extra foi abraçada após ter-se aposentado como comerciante.
Apesar de não ter contacto permanente com as
diversas instituições públicas moçambicanas, o sexagenário fala da relação
entre idosos e o atendimento hospitalar, tidos como preocupações para
indivíduos da sua geração.
Atendimento Hospitalar
"Hospital sempre tem mau atendimento, principalmente
aos idosos. Se eu estiver doente e for ao hospital é sorte eu sair vivo. Estou
a ver que há mau atendimento para os idosos".
Também os transportes públicos representam um
problema para as pessoas da terceira idade em Moçambique, defende Adriano
Inguane.
Idade Avançada
"Tem tratado bem, mas como ainda estou a pagar
não estou a ver bem. Eu não devia pagar, porque já tenho a idade um pouco mais
avançada. Mas continuo a pagar".
O Fórum da Terceira Idade, uma organização
não-governamental moçambicana que vela pelos idosos no país, revelou
recentemente que cerca de 20 pessoas de terceira idade foram assassinadas em
Moçambique em 2011, acusadas de feitiçaria.
Protecção dos Idosos
Inguane fala do impacto na sua vida da elaboração,
pelas autoridades moçambicanas, de uma proposta de Lei sobre a Protecção dos
Idosos, a ser submetida ao Parlamento.
"Eu nunca vivi. Ouço dizer mas nunca vivi.
Fica mal, porque os idosos onde é que vão viver? Têm que viver aqui, perante os
outros. Há essas coisas, mas só que nunca assisti. Só ouço as pessoas dizerem
isso. Nunca me zanguei com os vizinhos. Da minha parte não tenho tido problemas
com os vizinhos. Não sei os outros idosos".
Desafios
Mas a realidade do idoso inclui também desafios na
própria família onde, segundo defende o nosso entrevistado, os idosos sofrem
abusos.
"Há os que tratam mal os idosos. Os filhos
mesmos tratam mal o pai e tanto como a mãe. Isso é que não sei. Não acho bem.
Fico muito chocado."
Necessidades
A resposta das instituições oficiais está longe de
satisfazer as necessidades da população idosa, como aponta o entrevistado. Ele
fala da posição de vulnerabilidade e termina a conversa apontando como podem
ser satisfeitas as necessidades dos idosos desfavorecidos da sua geração.
"O governo tem que ver o Estado dos idosos.
Arranjar um centro para eles ficarem lá. Há os que são idosos mas não têm
condições de viver e não têm filhos. Se não têm filhos vai passar mal esta
pessoa. Aí o governo tem que fazer um centro para eles, dar vestuário. Existem,
mas não sei se o governo está a assumir a sua responsabilidade.
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