Não
diria, Senhor Redator, que ele é o mais frágil de todos. A triste história de
Bruce Wayne que viu seus pais serem mortos durante um assalto fez do Batman o
mais melancólico dos heróis a lutar contra o crime naquela Gotham City
megalópole e sombria. Mas agora que faz
cinquenta anos deu pra notar que o Homem-Aranha, acredite, não amadureceu.
Órfão de país, criado por tios, um pobre tímido que só ficou feliz quando um
dia finalmente declarou seu amor a Mary Jane Watson e assim a conquistou para
sempre.
Para
os especialistas, Batman é o mais humano dos heróis. É desprovido de poderes
especiais e precisou estudar a mente criminosa e cuidar do físico para conhecer
os bandidos e saber enfrentá-los. Já o Homem-Aranha, não. Numa visita a um
laboratório, ainda com quinze anos, é picado por uma aranha, o que lhe faz ter
reações estranhas. Suporta dez toneladas e solta raios pelas mãos que o fazem
flutuar entre os edifícios de Nova Iorque. Mas é um herói que comete erros e
tem fragilidades que humanizam o mito.
Mesmo
temido pelos bandidos, teve os seus fracassos. Enquanto Batman fez do seu
Batmóvel um exemplo de tecnologia e eficiência, o carro do Homem-Aranha, por
exemplo, foi um fracasso tão grande que acabou sendo retirado das ruas. Mas, na
vida real, exerce o papel de fotógrafo do jornal Clarin Diário, onde publica as
fotos que faz do herói como se não fosse ele. Mas, na sua timidez incurável,
tem um problema: J. J. Jameson, o diretor, prefere publicar notícias ruins do
Homem-Aranha e ele sofre com isso.
Veja,
Senhor Redator, que viver não é fácil mesmo para os super-heróis. Para tristeza
de Peter um dia seu tio Ben sofre um assalto brutal e é morto. É então que
nasce no jovem Peter Parker um desejo de enfrentar os bandidos como um
compromisso de vida. Gostava do seu tio que tinha como um substituto do pai, e
ainda por cima é vaidoso de poder vingar a morte do marido de sua tia May.
Aliás, é quem mais conhece o Homem-Aranha na vida real e ele sabe que ela só
deseja vê-lo feliz. Como se fosse um filho.
São
quatro os vilões que Peter enfrenta na condição de Homem-Aranha: o Duende-Verde
nascido de uma explosão e fruto de erro químico do empresário Norman Osbon ao
tentar descobrir os efeitos de uma fórmula; o Camaleão, também chamado de o
Mestre dos Disfarces, um finíssimo ladrão viciado em roubar obras de arte;
Doctor Octopus, um cientista que domina a física e criou um monstro de ferro
com vários tentáculos; e o último deles, o mais estranho – o Homem-Areia,
vítima de um erro de experiência.
Ao
contrário dos políticos, segue a frase que ouviu do Tio Ben – ‘Grande poderes
levam a grandes responsabilidades – e só faz o bem, o Homem-Aranha faz
cinquenta anos. Foi lançado em agosto de 1962 como um herói de história em
quadrinhos, criação de Stan Lee na revista Amazing Fantasy. Um ano depois, o
herói aracnídeo ganha uma revista com seu nome, o Spider-Man. No Brasil só
chegou em 1969. E conserva até hoje aquele que é visto como o mais forte e
humano dos seus traços: um dia pode morrer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário