segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Serejo: O homem-aranha

Por: Vicente Serejo

Não diria, Senhor Redator, que ele é o mais frágil de todos. A triste história de Bruce Wayne que viu seus pais serem mortos durante um assalto fez do Batman o mais melancólico dos heróis a lutar contra o crime naquela Gotham City megalópole e sombria.  Mas agora que faz cinquenta anos deu pra notar que o Homem-Aranha, acredite, não amadureceu. Órfão de país, criado por tios, um pobre tímido que só ficou feliz quando um dia finalmente declarou seu amor a Mary Jane Watson e assim a conquistou para sempre.

 Para os especialistas, Batman é o mais humano dos heróis. É desprovido de poderes especiais e precisou estudar a mente criminosa e cuidar do físico para conhecer os bandidos e saber enfrentá-los. Já o Homem-Aranha, não. Numa visita a um laboratório, ainda com quinze anos, é picado por uma aranha, o que lhe faz ter reações estranhas. Suporta dez toneladas e solta raios pelas mãos que o fazem flutuar entre os edifícios de Nova Iorque. Mas é um herói que comete erros e tem fragilidades que humanizam o mito.

 Mesmo temido pelos bandidos, teve os seus fracassos. Enquanto Batman fez do seu Batmóvel um exemplo de tecnologia e eficiência, o carro do Homem-Aranha, por exemplo, foi um fracasso tão grande que acabou sendo retirado das ruas. Mas, na vida real, exerce o papel de fotógrafo do jornal Clarin Diário, onde publica as fotos que faz do herói como se não fosse ele. Mas, na sua timidez incurável, tem um problema: J. J. Jameson, o diretor, prefere publicar notícias ruins do Homem-Aranha e ele sofre com isso.

 Veja, Senhor Redator, que viver não é fácil mesmo para os super-heróis. Para tristeza de Peter um dia seu tio Ben sofre um assalto brutal e é morto. É então que nasce no jovem Peter Parker um desejo de enfrentar os bandidos como um compromisso de vida. Gostava do seu tio que tinha como um substituto do pai, e ainda por cima é vaidoso de poder vingar a morte do marido de sua tia May. Aliás, é quem mais conhece o Homem-Aranha na vida real e ele sabe que ela só deseja vê-lo feliz. Como se fosse um filho.

 São quatro os vilões que Peter enfrenta na condição de Homem-Aranha: o Duende-Verde nascido de uma explosão e fruto de erro químico do empresário Norman Osbon ao tentar descobrir os efeitos de uma fórmula; o Camaleão, também chamado de o Mestre dos Disfarces, um finíssimo ladrão viciado em roubar obras de arte; Doctor Octopus, um cientista que domina a física e criou um monstro de ferro com vários tentáculos; e o último deles, o mais estranho – o Homem-Areia, vítima de um erro de experiência.

 Ao contrário dos políticos, segue a frase que ouviu do Tio Ben – ‘Grande poderes levam a grandes responsabilidades – e só faz o bem, o Homem-Aranha faz cinquenta anos. Foi lançado em agosto de 1962 como um herói de história em quadrinhos, criação de Stan Lee na revista Amazing Fantasy. Um ano depois, o herói aracnídeo ganha uma revista com seu nome, o Spider-Man. No Brasil só chegou em 1969. E conserva até hoje aquele que é visto como o mais forte e humano dos seus traços: um dia pode morrer.

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