“não me é de
responsabilidade
a estrutura do tempo frio”
nem os vapores maléficos
da digestão dos carros
amontoados na rua
O que Vejo se anuncia em mirantes acesos
Sobre as cinzas do rio
Um dia vi um
Beco vomitando suas lamas
Numa cantiga noturna
Que rimava dejetos
E exibia a podridão de suas lendas
E o seu rosto desfeito em tiras, em iras, lama
sobre merda, Palimpsesto
Ainda era a
chuva, ainda era o vento, ainda era o sol imolando a cidade e os seus dejetos
Belos e
inúteis como um campanário esculpido contra um azul ateu
Os versos me rasgavam a pele, na procura vã de
uma alma, e me iniciavam,
Solenes, em profecias sem hinos, epifanias sem
céu.
Um poema me
faz pedra e lama
Corrente como um despojo de águas
Feridas na raiz insone do medo.
E eu, desdenhoso de deuses e almas
Acendo como um sol inerte sobre o beco.
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