By Infâmia (www.jairolima.org)
À espera do
desembarque da Amazon em território nacional, o mercado de livros digitais no
Brasil vem tomando fôlego para avançar em um segmento ainda incipiente,
apostando em maior oferta de títulos, aumento de vendas a taxas consideráveis e
parcerias que devem mudar o cenário dos chamados e-books no País.
Com grandes
representantes globais do segmento se preparando para abocanhar uma fatia do
promissor mercado brasileiro, hoje são as empresas nacionais que dominam o
setor de livros digitais, que caminha a passos lentos e sofre pela ausência de
dados sobre vendas, participação de mercado e relevância dentro do mercado de
livros como um todo.
Líder no
setor de livrarias e maior vendedora de livros via internet no País, a Saraiva
ingressou em 2010 nos livros digitais, que a empresa acredita ser seu maior
negócio.
“Vendemos
R$ 500 mil em livros digitais nos últimos 30 dias”, disse o
presidente-executivo da Saraiva, Marcílio Pousada. “E vamos aumentar esse
patamar mensal.”
Com 12 mil
títulos nacionais e 240 mil em inglês, a empresa espera encerrar este ano com
mais de 15 mil nacionais e criou um aplicativo de leitura que, segundo o
executivo, já supera 800 mil downloads.
“Temos um
caminho a percorrer. O primeiro passo é ter acervo, acompanhando o lançamento
de livros físicos, além de ter instrumentos poderosos de leitura e software
adequado”, disse.
Amazon no foco
Com exceção
da rede francesa Fnac, que está presente no Brasil mas com participação muito
pequena em livros digitais, o mercado tem voltado as atenções à Amazon, que se
prepara para instalar operações de venda de e-books no País.
A
estimativa inicial era de que o grupo norte-americano chegasse ao Brasil no
atual trimestre, mas representantes do setor de comércio eletrônico já consideram
que a estreia ocorra apenas no início de 2013.
A entrada
da Amazon no País deve se dar inicialmente apenas com seu tablet, o Kindle, e
um catálogo de e-books em português, disseram representantes de editoras locais
e uma fonte da indústria a par dos planos, em junho.
Com uma
abordagem totalmente digital, em um primeiro momento a Amazon minimizaria os
riscos que uma estreia de maiores proporções implicariam em um país com
problemas notórios de infraestrutura.
Mas a
expectativa em torno de tal estreia ganhou tons de especulação, com rumores de
que a Amazon estaria buscando associar-se a um grupo local para entrar no
Brasil com mais força.
A líder em
comércio eletrônico B2W e a própria Saraiva foram os dois principais alvos de
especulações.
“É natural que
qualquer empresa internacional procure o líder do mercado onde vai entrar, e
sempre estamos abertos a ouvir”, disse Pousada, da Saraiva, negando a
existência de negociações no momento. “É mais um que vem tentar vender livros
digitais e participar desse mercado.”
No mesmo
sentido, Herz, da Cultura, vê a chegada da Amazon como favorável ao setor.
“Prefiro a Amazon no Brasil, jogando nas mesmas condições. Hoje os brasileiros
já compram lá, mas ela não lida com os problemas que lidamos aqui.”
A parceria
com a Kobo, segundo ele, foi impulsionada pela necessidade de ganhar forças
para competir com a nova rival. “Sozinhos, não concorreríamos com a Amazon”,
assinalou.
Varejo físico
Se fossem
reunidos em uma única loja física, os livros digitais vendidos pela Saraiva
ocupariam hoje a 11ª posição entre as 102 lojas da rede em termos de volume. Em
janeiro, estavam na 79ª colocação e, no mês passado, na 49ª.
Esse avanço
crescente favorece os e-books e, ao mesmo tempo, cria incertezas quanto à força
do varejo físico.
“A loja
física está em xeque, perdeu importância no varejo global. Existe muito ponto
de venda no mundo para pouco consumidor”, afirmou Herz, da Cultura, que vê
espaço para crescer em lojas físicas, porém com mais critério.
“A livraria
se tornou uma experiência de entretenimento, muito mais que pelo produto”,
disse. “O futuro das livrarias é oferecer atrativos.”
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