quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poesias de Mariza Castro, Natal, RN

SEM TÍTULO

Aqui e agora
a minha alma
apenas de um beijo precisa.
Um beijo que trocasse
o fatal pelo singelo
a morte pela vida
a luxúria pelo divino
e me revelasse
toda a santidade
que há na lira.
E assim sendo
senhora de mim mesma
eu esqueceria de mim.


SEM TÍTULO

Distribuo em doses certas
esta dor que me atravessa
e me aquece

À luz de velas

Pode ser fábula
Pode ser lenda
Este fogo que arde em mim

Mulher tão fixa
de imprevisível

fim


AFÃ

Minhas harpas em arpejos
denunciam o meu Desejo.

Delicado rapaz, eu te chamei porque me quero assim.
Dentro de ti.
Sólida.
Expelindo líquidos.


ARDOR

Quero tanto as marés
que às vezes me surpreendo
navegando
com os meus próprios pés.


CÁRCERE

É imensa esta dor e não me mata.
Os fragmentos da morte estão mais próximos.
Os horrores da vida mais sórdidos
e só tua ausência reinventada
faz-se âncora

e me acalma.


SEM TÍTULO

Quiseram-me ostra.
E eis-me ostra.

Quiseram-me noite.
E eis-me noite.

Quiseram-me ruína.
E eis-me ruína.

Haverão de querer-me ainda?


SEM TÍTULO

Emily, de onde estou
já te alcanço.

Aqui há tradição. Ruptura.

E o verdadeiro encanto.


SEM TÍTULO

O homem que eu toque
deixará de ser homem.

Será flor, trilho, estrada

ou anjo.


SEM TÍTULO

Tenho
vários negativos
da tua vida

Tua fé
em mim
erguia-me

Não cheguei
a tempo
de unir tuas mãos
e orar:

Homem bom
morre cedo
neste mundo mau

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