quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Por que não aprendemos filosofia nas escolas?

Por CMI Brasil, Por Gerhard Grube
Lógica, causa e efeito etc. Aprender a pensar.
No mundo moderno não temos mais como atuar instintivamente, como os bichos que éramos e ainda somos. Em apenas alguns milhares de anos nosso mundo mudou drasticamente, com a civilização.
Atualmente metade das pessoas vive nas cidades. Vida bastante artificial, bem longe na natureza, que foi nosso professor por milhões de anos.
Os instintos não nos servem mais. Tudo que fazemos e deixamos de fazer tem que ser aprendido. Tem que ser pensado. Por vezes temos que pensar rápido, ou nem pensamos. E tomamos as decisões erradas.
Descartamos o antigo sentido de orientação que nos indicava como ir e voltar de uma incursão de caça e coleta de alimentos. Agora temos que aprender a usar um GPS, para não se perder nas cidades cada vez mais gigantescas.
Decidimos constantemente, pequenas e grandes decisões. Diariamente, minuto a minuto. E o que temos à mão para nos ajudar são os antigos instintos, que não nos são de muita serventia. Não aprendemos nas escolas como enfrentar o mundo moderno!
Atuamos como fazem os políticos e especuladores financeiros: Sem pensar.
Guiados por uma misteriosa intuição, que não é nossa, que não é herança, não está em nossos genes. Mais semelhante a uma simples e pura adivinhação.
Esta misteriosa intuição é que faz a diferença no mundo de hoje. Entre gente comum e os “bem sucedidos”. Intuição que não é aprendida, ninguém sabe explicar o que é ou como funciona. Para alguns é imensamente proveitosa, para a imensa maioria não.
Vivemos nas cidades como num mato sem cachorro. Todos, inclusive médicos, advogados, juízes, policiais, economistas, empresários etc. decidem instintivamente, como se fossemos os trogloditas de outrora. Erram muitas e muitas vezes, e não precisava ser assim.
Um delegado precisa ser bacharel em direito. Mas isso é suficiente para levar a cabo uma boa investigação? Não aprendemos nas escolas como descobrir a verdade e tomar decisões!
Algumas poucas regras e procedimentos aprendidos e estaríamos mais capacitados, poderíamos acertar muito mais.
Lápis papel e borracha, por exemplo. Deveríamos fazer mais uso disso. Antes de tomar qualquer decisão mais importante.
Em vez de fazer tudo de cabeça, num rapidíssimo encadeamento de pensamentos, deveríamos detalhar e analisar passo a passo. Colocar os pensamentos diante de nossos olhos, numa folha de papel. Procurando tratar o problema como se fosse de outrem, para não se deixar levar pelas emoções.
Por exemplo, planejar a realização de sua casa. Tudo que for feito no papel vai custar apenas papel. Até se chegar ao ótimo desejado. Quando então poderá ser construído com tijolo, cimento e dinheiro.
Freqüentemente vemos por aí construções iniciadas e não terminadas. Tudo se estragando no tempo, sendo vandalizado. Acontece muito com gente pobre. Começam mas não conseguem terminar, perdendo nisso o pouco dinheiro que tem. Não planejaram suficientemente.
Por vezes surge uma oportunidade de emprego e temos que decidir. É melhor ficar no emprego atual, ou mudar de emprego?
Comparar apenas os salários é insuficiente. Muito mais coisas estão envolvidas, distância, horário, benefícios, segurança, perspectivas para o futuro etc.
Não deveríamos julgar tudo isso de uma vez só, num único pensamento. Iríamos simplesmente dar maior valor ao que consideramos ser mais importante. Menosprezando o restante.
Poderíamos fazer uma lista das vantagens e desvantagens de cada opção. E sem otimismo nem pessimismo, quantificar, dar peso para cada uma delas. Então somar tudo, comparar. E decidir.
Com isso fez-se racionalmente o que foi possível fazer. E nunca nos arrependeremos da decisão tomada.
Na verdade nunca saberemos se aquilo que não fizemos teria sido melhor ou pior. Já que não foi feito. Esta dúvida sempre vai existir, nunca saberemos a verdade.
A vida é o que fazemos, e não o que poderíamos ter feito. São infinitos os mundos do poderia ser, mas o que realmente vivemos é um só.
Assim temos que nos prover com os meios que ajudem a tomar decisões racionalmente corretas. E o resto compulsoriamente estará errado. Mesmo que eventualmente não esteja.
Deveríamos aprender nas escolas as ferramentas que nos ajudam a viver o complicado mundo de hoje. Para não depender de antiqüíssimos e obsoletos instintos.
Isto, antes mesmo de qualquer outra coisa. Para poder julgar com mais acerto o que iremos aprender e estudar depois. Para não ser simplesmente Maria vai com as outras, como todo mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário