Não existe momento de maior satisfação! Desde a fase de desconfiança inicial aquando a entrada no Ilé, em que tudo é novidade e confuso, em que é analisado friamente cada movimento, variação de voz e expressão do Humano incorporado, até ao momento da acepção total do que está à sua frente é a mais pura das realidades, o filho de santo passa por uma miríade de sentimentos cruzados, ora de fé e crença absoluta, ora de profundo cepticismo e desconfiança. Mas Orisá é Orisá, e prova, sem deixar quaisquer margens para dúvidas, de que de facto é Ele que está ali à frente do jovem Yaô ou Abian, e que, os seus ensinamentos são momentos de pura luz! Se assim não for, algo está errado…
O momento em que o Orisá escolhe para falar com cada filho de Santo transforma-se para este num misto de plena alegria e satisfação, mas ao mesmo tempo de algum receio. Ninguém é perfeito, uma vez que todos somos humanos, e assim sendo, falhamos. E inconscientemente, o medo de sermos repreendidos pelos nossos erros está sempre lá. E na realidade, de forma mais ou menos directa, essa repreensão sempre acontece! Cabe a cada um, “enfiar a carapuça do que é seu, compreender o que está errado e, se por ventura não cometeu determinada falha apontada pelo Orisá, tentar evita-la a todo o custo. Os elogios… bem os elogios enchem a alma ao ponto de parecer que o nosso corpo é um invólucro demasiado frágil para conter tanta energia e satisfação! Sempre que somos tocados de forma carinhosa, ou que as palavras nos tocam no nosso âmago, sentimos que tudo vale a pena… mesmo se ultrapassado com custo. É importante no entanto, deixar um pouco de lado a estupefacção criada por uma Força pura da Natureza se materializar à nossa frente, e apreender o discurso do Orisá. Porque tudo, mas absolutamente tudo o que é dito por Ele, servirá para fazer evoluir espiritual e humanamente falando, todos os que O escutam.
É esta uma das mais importantes formas de espalhar o Asè e a boa energia. Caberá, no entanto, sempre ao filho de Santo optar entre por em prática os ensinamentos recolhidos, ou pura e simplesmente ignorá-los… predispondo-se assim a colher o fruto da sementeira da sua escolha. Que o Orisá nos conceda sempre a graça de descer e falar connosco! Sempre, nem que seja para nos “puxar as orelhas”! Se assim não acontecer, somos casos perdidos, sem retorno e deixámos de ser merecedores de ouvir a Sua voz. Que Olorum nunca permita que isso aconteça….
Nenhum comentário:
Postar um comentário