quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Coleção História Geral da África em português comemora um ano com 390 mil downloads

No dia 9 de dezembro o lançamento da edição em português da Coleção da UNESCO História Geral da África completou um ano. Desde então, foram efetuados 391 mil downloads gratuitos da obra, que reúne em oito volumes uma história do continente contada a partir da visão africana e sem o eurocentrismo que predomina na historiografia da região. A coleção foi publicada originalmente em inglês e francês, a partir da década de 1980.

“A edição em português da coleção é a concretização de um sonho e de uma reivindicação antiga, realizada a partir do esforço coletivo de muitos que acreditaram na possibilidade de termos os oito volumes disponibilizados gratuitamente para a população brasileira”, afirma Lucien Muñoz, representante daUNESCO no Brasil. A efetivação desse esforço foi possível graças à parceria entre a UNESCO e o Ministério da Educação, que contaram com a expertise da Universidade Federal de São Carlos.

Acesso universal

Ao longo deste ano, além da disponibilização online, a Coleção foi distribuída gratuitamente pelo Ministério da Educação para mais de sete mil bibliotecas e instituições de ensino superior pública, uma ação feita para democratizar ainda mais o acesso à coleção, dessa vez de maneira física.

Além disso, em outubro de 2011, foi lançada a edição para comercialização da Coleção HGA em uma parceria com a Editora Cortez.

Caravanas de debate

Para esquentar o debate sobre a história africana e a educação das relações étnico-raciais, foram realizados encontros em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, 350 pessoas se reuniram no auditório Tucarena, na Puc, para discutir questões relacionadas a produção de saberes históricos, à formação acadêmica de profissionais, a identidade negra e até mesmo a própria construção da coleção da UNESCO História Geral da África. O brasileiro Fernando Mourão, único brasileiro que participou do comitê científico para a redação da coleção na década de 1960, foi um dos palestrantes convidados para participar do encontro.

Além de debates e mesas-redondas, programação cultural, atividades relacionadas à tradição afro-brasileira e integração com movimentos sociais também fizeram parte dos eventos. Na Bahia, as celebrações duraram três dias e contaram com a presença de especialistas internacionais africanos que integram comitê internacional da UNESCO para o uso pedagógico da coleção HGA. Grupos como Ilê Aye e Olodum foram visitados, bem como organizações tradicionais como a Irmandade da Boa Morte e um terreiro de candomblé na cidade de Cachoeira, berço do Samba de Roda reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade.

No total, foram seis cidades contempladas com seminários: Belo Horizonte, Cachoeira, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Belém. Outras seis também contaram com lançamentos e debates: Redenção (CE), Recife, Palmas, Ouro Preto, Maceió e Curitiba.

O poder transformador da educação e cultura

A coleção de quase 10 mil páginas foi construída ao longo de 30 anos por 350 pesquisadores, coordenados por um comitê científico composto por 39 especialistas, dois terços deles africanos. Sua disponibilização em língua portuguesa integra uma estratégia de apoio à implementação da Lei 10.639/2003, que prevê o ensino da história da África e da cultura africana e afro-brasileira nas escolas brasileiras.

A UNESCO acredita que o incentivo permanente de acesso ao conhecimento de outras civilizações e culturas é uma forma de compreender a segregação e os conflitos étnico-raciais e para consolidar os direitos humanos e o desenvolvimento. “A cultura tem papel fundamental em mostrar caminhos possíveis para se compreender em profundidade as origens das discriminações e possibilita a capacidade de atuar sobre elas”, afirma Muñoz.

O lançamento da edição em português da coleção foi um primeiro passo para efetiva e apropriada inclusão das questões etnico-raciais na educação brasileira. Agora, a UNESCO trabalha para que o conteúdo da obra seja transformado e adaptado para um público mais amplo. Estão sendo produzidos, ainda em parceria com o MEC e com a UFSCAR, um livro com a síntese da coleção e uma série de materiais pedagógicos para professores da educação básica com base na obra.

“É importante que o conteúdo e a visão inovadora da coleção a respeito da história e da cultura africana chegue nos espaços de formação dos profissionais da educação e às salas de aula do país”, diz Marilza Regattieri, responsável pelo Programa de Educação das Relações Étnico-raciais do escritório da UNESCO no Brasil.

O livro-síntese da HGA e os materiais pedagógicos tem previsão de lançamento para 2012.


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