sábado, 7 de julho de 2012

Tempos maduros: de cotas raciais

Poroca

A política de cotas das universidades públicas não pode e não deve se aplicar ao mundo atual e, muito menos, para as universidades. O Brasil já viveu algo parecido (Capitanias Hereditárias) e a história nos conta que NÃO DEU CERTO. Nem poderia. Aliás, distribuição de cotas de acordo com a cor dos olhos, conforme o tamanho das pernas ou conforme seja lá o que for, não pode dar certo num país que diz aos quatro cantos do mundo que vai se transformar numa grande potência

As alegações que o Brasil precisa corrigir erros do passado é discurso de quem já tomou todas: não tem consistência e se transformará em vazio quando chegar a ressaca. Não quero, não devo e não posso pagar as dívidas dos meus bisavós e tataravós. Não quero, não devo e não posso pagar pelos erros dos portugueses e dos dirigentes da primeira ou da segunda república. Aliás, pago todos os meses a minha contribuição mensal pelos erros atuais e pelos erros do passado, através de um tributo chamado imposto de renda, o que é um grande equivoco até que me convençam o contrário: salário é salário, renda é aquele 'bolo' que os bancos chamam de lucro líquido. Pior, se colocar uma lupa (e não precisa ser de primeira), a minha contribuição absorve até a parte que não foi paga por aqueles que já vestiram o paletó de madeira.

O estado precisa investir na educação e deve começar pelo início: ensino básico. Lamentavelmente, hoje, no Brasil, para onde se vai, há lideranças partidárias  - muitas vezes defendendo interesses próprios ou de partido A ou B, em detrimento do objetivo maior e mais importante, que é a educação - comandando políticas, práticas e movimentos. No quesito educação, o Brasil caminha a passos de tartaruga, para não dizer que caminha como os caranguejos. Se tivermos boas escolas, bons educadores (leia 'educadores preparados') e uma política de longuíssimo prazo, não vamos precisar reservar vagas e cadeiras para quem quer que seja.

Na Bahia, as escolas estaduais estão em greve há três meses. Não quero apontar para fulano ou beltrano e dizer que a culpa é de um ou de outro. Mas tenho convicção suficiente para afirmar: alguma coisa está fora de ordem. Quando se fala em educação, não pode haver partidos da cor tal ou qual; não pode haver queda de braços entre o poder de fato e o poder de direito; não pode ser desprezada uma causa maior e que está acima de todos os interesses: os estudantes e, claro, a educação.

O espaço do texto ("Tempo dos Maduros") não permitiu, mas, no mesmo tema, há outro ponto que precisa ter um final: universidade pública de graça. O que vi, o que vejo, o que soube e o que sei é que a grande maioria dos estudantes das universidades federais é composta de pessoas que tem condições de pagar uma universidade. Aí está um grande desequilíbrio que merece ser corrigido. A universidade pública deve ter as portas abertas para os melhores: se o estudante (ou seus pais) tem condições, não tem boquinha, deve pagar; se o estudante não tem recursos, também deve pagar sob forma de prestação de serviço ou outro modo compensatório.

É o que penso.

Forte abraço

José Carlos Poroca

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