Jairo Lima
E então me entregaste em fragmentos
Umas lonjuras de mar, com suas velas e ventos;
E um gélido sangue de luna
Derramaste sobre o meu telhado;
Ainda te vi recitar folhas e pedras
E
deitar a maldição
Que abriu a cortina da madrugada
E
trouxe em cena para as águas dos meus olhos
O
incêndio de um sol assassinado
Isto foi ontem: hoje sei
que tua vingança
Esqueceu um caminho
Entre o crime e a memória:
Um fio esticado
Uma palavra inascida
Um choro macio e claro
Um regato incerto
Um relato truncado
Uma partícula viva da morte
Um estar agora sobre a sílaba de ontem
Imóvel, insone, transitória
Como uma faca de pé
Ou um sangue deitado sobre lagos
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