As
imagens foram captadas pelo filósofo e babalorixá Érico Lustosa, vizinho do
terreiro alvo dos ataques. Segundo ele, por pouco os evangélicos não invadiram
o espaço. “Eles gritavam ‘Sai daí, satanás’ e forçaram o portão. Foi aí que me
coloquei em frente ao portão e meu filho começou a gravar. Um deles gritou para
a gente tomar cuidado, que ele era evangélico mas era também um ex-matador”,
relembrou.
O
fato ocorreu uma semana depois que pessoas invadiram terreiros em Brejo da
Madre de Deus, no Agreste, após o assassinato de uma criança, segundo a
polícia, a mando de um pai de santo. Pesquisadores dizem que essas religiões
não realizam sacrifício de humanos.
Com
a repercussão nas redes sociais – o vídeo teve mais de 1,5 mil
compartilhamentos no Facebook e cerca de 400 visualizações no YouTube em menos
de 12 horas – representantes de dezenas de terreiros se reuniram, ontem à
tarde, no Palácio de Iemanjá, no Alto da Sé, em Olinda.
No
encontro foram discutidas propostas para coibir a intolerância religiosa. Entre
elas a de ser registrado um boletim de ocorrência coletivo para denunciar o
fato ocorrido no Varadouro.
O
terreiro alvo dos ataques é o de Pai Jairo de Iemanjá Sabá, na Rua Manuel Souza
Lopes. Vizinhos repudiaram o protesto. “Moro aqui desde criança e o pessoal do
terreiro nunca trouxe problema. Sou católica, mas respeito as outras religiões.
O que fizeram foi um absurdo. Por pouco não invadiram o espaço”, disse a dona
de casa Cintia Gomes, 25 anos.
O
secretário-executivo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Estado, Jorge
Arruda, lamentou o fato em Olinda e afirmou que os ataques têm relação com o
caso de Brejo da Madre de Deus. A igreja responsável pelo protesto não foi
identificada.
Hoje
haverá reunião entre representantes do Ministério Público, da Secretaria de
Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e de terreiros. Também será lançada a
cartilha Diversidade Religiosa e Direitos Humanos e debatida a intolerância
contra as religiões de matriz africana e afro-brasileira em Pernambuco.
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