quinta-feira, 12 de julho de 2012

O bom e o mau gosto são virtudes

José Carlos L. Poroca
Executivo do segmento shopping centers
jcporoca@uol.com.br

No texto anterior ("Vamos e Venhamos"), tentei falar sobre o "O Artista", filme de Michel Hazanavicius, que recebeu cinco Oscars. Não consegui comentar uma única linha, alegando falta de espaço, o que não é absolutamente verdadeiro. O velho e nem sempre sensato subconsciente, para não enfrentar a estrada principal, procurou atalhos, parou para fazer xixi e deixou a máquina em stand by - como justificativa para apreciar a paisagem, esperar a lagartixa sair da toca, esticar as pernas -, tudo para ganhar tempo.

Volto ao assunto. Vendo "O Artista", cheguei a uma conclusão que já desconfiava e não queria admitir: sei nada ou quase nada sobre cinema. Sou um apreciador e ponto. O 'desconfiômetro' foi acionado quando 'Titanic' recebeu 11 Oscars, a mesma quantidade recebida por 'Ben-Hur' e "O Senhor dos Anéis". Nenhum dos três merecia receber tamanha quantidade de estatuetas, confirmando o que já se sabia: a escolha não se baseia exclusivamente em critérios 'técnicos'. Entram componentes políticos, históricos e outros (compensação, equilíbrio, nostalgia, etc.). Há quem diga - não estou afirmando - que argumentos como "você está me devendo um favor" ou "lembra daquela grana que emprestei?" também entram na conta.

"O Artista" não é um filme ruim, mas não é bom o suficiente para receber cinco Oscars. O enredo não é novo, já foi levado à tela outras vezes. Três, de cara, com temas parecidos: "Cantando na Chuva", "Cidadão Kane", "Crepúsculo dos Deuses". Há outros, com certeza. E também há o caso que contam como real (fora das telas), da belíssima e sensual Louise Brooks que "não tinha uma boa voz para o cinema". A atriz de "A Caixa de Pandora" recusou uma oferta dos produtores de permitir a dublagem de suas falas. Também comentaram que Greta Garbo teve o mesmo problema. Mas isso já é outra história. O filme de Hazanavicius não me convenceu. O ator é bom? - Sim. Que mais? - ... (silêncio) .... Nada de extraordinário, tudo certinho, sem pontos de interrogação ou de exclamação. Nada contra "O Artista", mas, para mim, é um daqueles que dificilmente proporcionarão o desejo, vontade ou interesse no repeteco.

Volto a uma questão que defendo desde não sei quando: os filmes precisam prender a atenção do espectador, precisam agradar, precisam mostrar algo diferente - como ocorreu, foi o que percebi, com o extraordinário "Melancolia", de Lars Von Trier. Aproveito para inserir os filmes argentinos como as boas surpresas dos últimos tempos. Não há superproduções, não há grandes estrelas, não há 3D, não há efeitos especiais."A Janela", "O Filho da Noiva", "Abutres", "Nove Rainhas", "Clube da Lua", "O Conto Chinês", "Medianeras", "O Homem ao Lado" e o encantador "O Segredo dos seus Olhos" (ganhou um Oscar, merecidamente) são demonstrações de que o Brasil também pode realizar boas obras cinematográficas. The end.

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