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jcporoca@uol.com.br
No
texto anterior ("Vamos e Venhamos"), tentei falar sobre o "O
Artista", filme de Michel Hazanavicius, que recebeu cinco Oscars. Não
consegui comentar uma única linha, alegando falta de espaço, o que não é
absolutamente verdadeiro. O velho e nem sempre sensato subconsciente, para não
enfrentar a estrada principal, procurou atalhos, parou para fazer xixi e deixou
a máquina em stand by - como justificativa para apreciar a paisagem, esperar a
lagartixa sair da toca, esticar as pernas -, tudo para ganhar tempo.
Volto
ao assunto. Vendo "O Artista", cheguei a uma conclusão que já
desconfiava e não queria admitir: sei nada ou quase nada sobre cinema. Sou um
apreciador e ponto. O 'desconfiômetro' foi acionado quando 'Titanic' recebeu 11
Oscars, a mesma quantidade recebida por 'Ben-Hur' e "O Senhor dos
Anéis". Nenhum dos três merecia receber tamanha quantidade de estatuetas,
confirmando o que já se sabia: a escolha não se baseia exclusivamente em
critérios 'técnicos'. Entram componentes políticos, históricos e outros
(compensação, equilíbrio, nostalgia, etc.). Há quem diga - não estou afirmando
- que argumentos como "você está me devendo um favor" ou "lembra
daquela grana que emprestei?" também entram na conta.
"O
Artista" não é um filme ruim, mas não é bom o suficiente para receber
cinco Oscars. O enredo não é novo, já foi levado à tela outras vezes. Três, de
cara, com temas parecidos: "Cantando na Chuva", "Cidadão
Kane", "Crepúsculo dos Deuses". Há outros, com certeza. E também
há o caso que contam como real (fora das telas), da belíssima e sensual Louise
Brooks que "não tinha uma boa voz para o cinema". A atriz de "A
Caixa de Pandora" recusou uma oferta dos produtores de permitir a dublagem
de suas falas. Também comentaram que Greta Garbo teve o mesmo problema. Mas
isso já é outra história. O filme de Hazanavicius não me convenceu. O ator é
bom? - Sim. Que mais? - ... (silêncio) .... Nada de extraordinário, tudo
certinho, sem pontos de interrogação ou de exclamação. Nada contra "O
Artista", mas, para mim, é um daqueles que dificilmente proporcionarão o
desejo, vontade ou interesse no repeteco.
Volto
a uma questão que defendo desde não sei quando: os filmes precisam prender a
atenção do espectador, precisam agradar, precisam mostrar algo diferente - como
ocorreu, foi o que percebi, com o extraordinário "Melancolia", de
Lars Von Trier. Aproveito para inserir os filmes argentinos como as boas
surpresas dos últimos tempos. Não há superproduções, não há grandes estrelas,
não há 3D, não há efeitos especiais."A Janela", "O Filho da
Noiva", "Abutres", "Nove Rainhas", "Clube da
Lua", "O Conto Chinês", "Medianeras", "O Homem ao
Lado" e o encantador "O Segredo dos seus Olhos" (ganhou um
Oscar, merecidamente) são demonstrações de que o Brasil também pode realizar
boas obras cinematográficas. The end.
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