sábado, 21 de julho de 2012

Back to black

José Carlos L. Poroca
Executivo
jcporoca@uol.com.br
 

Falo e escrevo mal a nossa língua. Não sou o único e não estou na minoria. Fico pouco à vontade para discutir ou explicar o “objeto direto”, o “objeto indireto” e, muito menos, o “aposto” ou o “adjunto adnominal”. São “coisas” que alguém criou para complicar o que já é tão complicado e para criar situações que cabem bem em concursos, os mesmos que não avaliam nada e dão o mérito de saber coisa alguma para os primeiros classificados. Não falo como um estudioso (nem poderia) e sim como alguém que aprecia os que sabem falar e escrever com nível de compreensão adequado para os que estão, pelo menos, na chamada linha média.

O título em inglês pode parecer desproposital, mal situado ou fora do contexto, já que confessei o desconhecimento da língua pátria. Peguei emprestado da letra/música de Amy Winehouse, uma artista talentosa que caiu numa poça fétida e contaminada chamada “vício de droga”. A artista era de um talento extraordinário, fora do lugar comum, um daqueles que surgem a cada 50 anos.

Aproveito a oportunidade para lembrar um episódio ocorrido há não sei quantos anos. Ouvi, gostei e trouxe para casa o CD de Chico Science. Surpresa geral, principalmente para os meus filhos, que estranharam o “coroa” elogiando e ouvindo algo novo, cujo público tinha pelo menos 20 anos a menos. Não mudei o que pensava e lamento não ter tido a oportunidade de ver a continuação do trabalho de um artista talentoso e incomum.

Volto ao “Back...” de Amy. Interpretação sui generis, personalizada e com a característica de alguém que certamente escutou muita matéria prima de boa qualidade quando criança e na adolescência. A letra é sutil, “pesada” e admite mais de uma interpretação, dependendo do campo de audição ou do estado emotivo de quem ouve. É uma daquelas que não depende de momento, de moda, de ocasião ou de fase, como acontece com a música popular em qualquer lugar do Planeta. Há umas que vem, fazem um barulho sem igual e, passada a onda, vão embora e não fica nem o cheiro. Há outras que independem de estações, de moda, de idade - como a suave e encantadora Bewitched, bothered & bewildered, que foi regravada pela também excepcional Stacey Kent.

Tudo aí foi escrito pra dizer que não quero ir ou voltar ao escuro ou chorar de luto; não quero ir ou voltar à penumbra ou à lama – dependendo da tradução que se queira dar. E sem admitir a possibilidade de justificativa de contra-argumento, rejeito a pecha de que sou naturalmente corrupto porque nasci na América do Sul, tese defendida pelos causídicos de uma entidade internacional de futebol para justificar as propinas que foram dadas a não sei quem. O corromper e ser corrompido não se pega por osmose, por contágio nem é hereditário. Se o Brasil pretende ser o que a folhinha marca, precisa mostrar o destino que deve ser dados aos corruptos, independente da categoria: xilindró. Sem volta.

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