Executivo
jcporoca@uol.com.br
Falo
e escrevo mal a nossa língua. Não sou o único e não estou na minoria. Fico
pouco à vontade para discutir ou explicar o “objeto direto”, o “objeto
indireto” e, muito menos, o “aposto” ou o “adjunto adnominal”. São “coisas” que
alguém criou para complicar o que já é tão complicado e para criar situações
que cabem bem em concursos, os mesmos que não avaliam nada e dão o mérito de
saber coisa alguma para os primeiros classificados. Não falo como um estudioso
(nem poderia) e sim como alguém que aprecia os que sabem falar e escrever com
nível de compreensão adequado para os que estão, pelo menos, na chamada linha
média.
O
título em inglês pode parecer desproposital, mal situado ou fora do contexto,
já que confessei o desconhecimento da língua pátria. Peguei emprestado da
letra/música de Amy Winehouse, uma artista talentosa que caiu numa poça fétida
e contaminada chamada “vício de droga”. A artista era de um talento
extraordinário, fora do lugar comum, um daqueles que surgem a cada 50 anos.
Aproveito
a oportunidade para lembrar um episódio ocorrido há não sei quantos anos. Ouvi,
gostei e trouxe para casa o CD de Chico Science. Surpresa geral, principalmente
para os meus filhos, que estranharam o “coroa” elogiando e ouvindo algo novo,
cujo público tinha pelo menos 20 anos a menos. Não mudei o que pensava e
lamento não ter tido a oportunidade de ver a continuação do trabalho de um
artista talentoso e incomum.
Volto
ao “Back...” de Amy. Interpretação sui generis, personalizada e com a
característica de alguém que certamente escutou muita matéria prima de boa
qualidade quando criança e na adolescência. A letra é sutil, “pesada” e admite
mais de uma interpretação, dependendo do campo de audição ou do estado emotivo
de quem ouve. É uma daquelas que não depende de momento, de moda, de ocasião ou
de fase, como acontece com a música popular em qualquer lugar do Planeta. Há
umas que vem, fazem um barulho sem igual e, passada a onda, vão embora e não
fica nem o cheiro. Há outras que independem de estações, de moda, de idade -
como a suave e encantadora Bewitched, bothered & bewildered, que foi
regravada pela também excepcional Stacey Kent.
Tudo
aí foi escrito pra dizer que não quero ir ou voltar ao escuro ou chorar de
luto; não quero ir ou voltar à penumbra ou à lama – dependendo da tradução que
se queira dar. E sem admitir a possibilidade de justificativa de
contra-argumento, rejeito a pecha de que sou naturalmente corrupto porque nasci
na América do Sul, tese defendida pelos causídicos de uma entidade
internacional de futebol para justificar as propinas que foram dadas a não sei
quem. O corromper e ser corrompido não se pega por osmose, por contágio nem é
hereditário. Se o Brasil pretende ser o que a folhinha marca, precisa mostrar o
destino que deve ser dados aos corruptos, independente da categoria: xilindró.
Sem volta.
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