Executivo de Shoppings Centers
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Um
episódio que rendeu muitas páginas de jornais e comentado à época por dois
entre três brasileiros, foi a suposta intervenção de autoridade para escalar um
jogador na seleção brasileira de 70. O jogador era o Dario, excepcional
goleador, o que “parava no ar como um beija-flor”. O técnico caiu (não deve ter
sido só por isso) e Dario foi convocado e, se não estou enganado, ficou no
banco. Não quero entrar no mérito das qualidades – e são muitas – do
artilheiro, mas, convenhamos, a escalação de qualquer atleta para a seleção que
representa um país deve passar por critérios bem distantes da “simpatia de
fulano” ou porque “beltrano quer”. A gente sabe que nem sempre se cumpre o
beabá, mas, em tese, é assim que deve funcionar.
A
colocação neste espaço de um episódio ocorrido há mais de 30 anos não é à toa e
não tem relação com a Copa de 2014. Mas tem a ver com Brasil. Já vou me
adiantando para dizer que sou brasileiro e, pelo que sei, com ascendência
negra, índia, portuguesa e espanhola. No meio do caminho deve ter entrado na
história alguns mulatos e mamelucos, sem afastar a possibilidade de ter um tio
distante de sangue oriental. Em suma, mais brasileiro impossível. Não posso
esquecer de dizer que o sobrenome dinamarquês (ou será norueguês?), afasta a
possibilidade de linhagem nobre, como os Alcântaras, os Braganças e os
Bourbons.
Plebeu,
de pele morena e morando longe, sou um daqueles brasileiros que não podem
esconder a sua origem. Como tal, fico muito à vontade para comentar sobre essa
história de cotas, de qualquer espécie: raciais, sociais, e tudo o mais. E fico
ainda mais à vontade para dizer: sou contra. Quaisquer alegações que se façam
para justificar a reserva de vagas para grupos assim ou assado são como o
interior dos cocos: pouco recheio. As alegações que essas reservas devem ser
utilizadas como forma de se corrigir erros do passado é o mesmo argumento
utilizado pela igreja de que nascemos pecadores pelos erros, até hoje mal
explicados, de Adão e Eva.
A
implantação da política de cotas esconde um problema maior, que é o da
existência de um sistema ineficiente nas escolas públicas que não consegue
preparar o aluno para o ensino superior. Trabalhar esse sistema exigirá tempo,
trabalho e dinheiro. É trabalho para dez, vinte anos, o que certamente
contraria interesses de quem está a fim de poder para 2012, 2013, 2014. Sem
falar dos arranhões e diminuição de votos, quando a ordem é agradar, a qualquer
custo, os cordões azul e encarnado. Implantar a ‘política de cotas’ nas universidades
é investir em papéis que vão render poucos dividendos de longo prazo; é o mesmo
que substituir a vara e o anzol pelo peixe. Se faltarem peixes, os bons
pescadores serão os principais prejudicados. A não ser que apareça um novo
santo que possa multiplicar pães, peixes e vagas. Tudo é possível.
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