quinta-feira, 5 de julho de 2012

POROCA: Vamos e venhamos

José Carlos L. Poroca,
executivo do segmento shopping centers
jcporoca@uol.com.br

No mundo de hoje em que se vive na corda bamba, sem rede de amparo; em que não se pode sair meio centímetro da calçada, para não cair no terreno do politicamente incorreto; e em que as mudanças de opinião acompanham o movimento das marés, o possível e o impossível andam de mãos dadas e, o que é pior, ficam registradas para a posteridade. Não vou perder uma linha - e já estou perdendo - para comentar sobre a união e a foto de duas figuras políticas, de convicções antagônicas que, na busca de virada de jogo, conversam, se beijam e se abraçam. Vamos torcer para que, mais na frente, não se faça o que foi feito no passado, na antiga URSS, useira e vezeira na arte de eliminar, no sentido mais amplo, os fatos, cenas e figuras do passado.

comentário introdutório foi proposital, para que não se diga que fiz isso ou aquilo, que falei ou escrevi Uilson quando era para falar ou escrever Wilson - que é tudo a mesma coisa. Fiz questão de comentar sobre o apagar personagens nas fotos, às vezes de forma grosseira, porque virou moda assumir a paternidade, nem sempre legítima, de filhos bonitos e bem sucedidos. Aliás, em toda a minha vida, nunca escutei alguém dizer “aquele ali é meu primo” ou “aquele ali é meu maior amigo” na passagem de um catador de lixo ou de um homeless. Pelo contrário,  quando estão na crista da onda, os poderosos são amigos e parentes: primo do cunhado do concunhado; quando estão por baixo, a classificação é impublicável em boa parte das vezes.

 No período pré-chumbo, conheci pessoas que não saiam de junto de um personagem ilustre, por quem tenho a maior admiração pela forma coerente como pautou a sua trajetória política. Sete dias por semana eram insuficientes para o desenvolvimento da bajulação e da prática do “quer descansar?”, “está com sede?”, “quer que coce alguma parte do corpo?”. Durante o período militar, o tal personagem entrou na lista negra. O seu nome foi riscado do mapa na casa de uma pessoa bem próxima e o chefe da família proibiu a menção do nome daquela pessoa. Se algum familiar fosse questionado, levava no bolso o “não lembro”, o “não vi” ou, se necessário, o “houve o uso da força” e o “levado a erro...”. É a vida, é a vida.

Por que tanto cuidado e tanta observação? Para não impropriar ou cometer mais um equívoco. Quero falar no “O Artista”, o filme que ganhou Oscars: melhor filme, melhor ator, etc. Tive o cuidado de vê-lo mais de uma vez, as últimas em DVD – sistema que permite avanços e retrocessos – e, quando a casa e o horário permitem, com mais atenção, mais critério, olhos e ouvidos mais atentos. O ver o filme em casa não se compara a vê-lo numa sala de cinema, que fornece a magia e o encanto que todo mundo já sabe: tamanho da tela, som, o próprio espaço em si, etc. Perde quando alguém mal educado entra e fica com o celular ligado.

O espaço acabou e não escrevi uma única linha sobre o “O Artista”. Fica para a próxima sessão.

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