sexta-feira, 8 de junho de 2012

SEREJO: Oposição?

Por: Vicente Serejo

Nem diria, Senhor Redator, da bizarrice que é a aliança PMDB-DEM nesta terra que foi berço de Poti. Ele mesmo, o Camarão, se nosso ou dos pernambucanos, pouco importa, tinha também seus encantos pelo poder. Tanto é verdade que os poderosos da época lhe outorgaram um título inventado de Governador Geral dos Índios do Brasil e ele nunca mais lutou. Virou um herói a favor que, de resto, é o que há de mais melancólico na vida de um guerreiro. E ficamos assim até esses dias feios de hoje.

 Na beleza deste rio, neste mar e nestas dunas não há mais uma vocação oposicionista. Houve no passado, embora cruel para não dizer desumana. Quando Cortez Pereira foi vítima de um furor que o massacrou com um tropel enlouquecido. Até quase nada restar, se é que pode ficar alguma coisa num homem cassado, exilado na própria casa, sitiado pela injustiça, prisioneiro da vergonha diante da sua família e do seu povo. E morrer alguns anos depois sem riqueza, a não ser o que sempre teve na vida.

 Ali, uma Paz Pública nascida no lodo dos interesses palacianos matou a oposição para sempre. E ficou tão morta que quando o próprio Aluizio Alves tentou reacendê-la nas ruas contra ‘o menino de Tarcísio’, era tarde. O velho feiticeiro de sessenta já não tinha aquela magia a desfazer o feitiço do mal e tombou derrotado por mais de cem mil votos nas ruas da cidade onde ele havia sido seu maior líder popular. Nunca mais houve oposição. Só uma troca de guarda entre adversários e correligionários. Só.

 De lá pra cá, são os mesmos. Sempre. José Agripino e Wilma de Faria numa eleição se aliavam e na outra se enfrentavam, assim como contra e a favor de Henrique Alves e Garibaldi Filho. Acima ou abaixo dos partidos com suas bandeiras rotas e descoloridas. E viemos, eleição a eleição, aferventando simulacros até hoje. De quando em vez, um instante de perfeição perversa, como quando o PMDB foi às ruas e derrotou o senador Fernando Bezerra, velho amigo de décadas, para eleger Rosalba Ciarlini.

Não há mais correligionários e adversários no Rio Grande do Norte nas últimas décadas. Estamos diante de um imenso governo que se metamorfoseia a cada nova situação alternando os pólos de situação e oposição, controlando a todos e a cada um dando uma ração de cargo público em troca do silêncio quieto. E como não se faz uma sociedade democrática sem pólos em torno dos quais possam girar os centros de força de cada luta, coube à sociedade ir às ruas, avaliar e julgar os agentes políticos.

Esta pode ser a razão do que dizem ser o inimigo invisível que avalia, julga e até agora condena o governo Rosalba Ciarlini. Está nas ruas a reação. Sem líder e sem retórica. Num silêncio eloqüente que hoje desafia os bruxos do marketing. Como se não bastasse, o novo episódio com o PSB cobra a expulsar dois vereadores por um compromisso da ex-governadora de última hora, vinte e quatro antes da votação da Câmara, na ânsia de simular o apoio que a pressa revelou ser um retrato da rendição.

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