Executivo do segmento de shopping centers
jcporoca@uol.com.br
Tenho
vivido uma nova fase de porquês. Uma criaturazinha de pouco mais de dois anos e
meio é a principal responsável, naquela fase da extrema curiosidade e da
necessidade de entender coisas que nós, adultos e adúlteros, não conseguimos
explicar. Não tem nada a ver com grandes mistérios, como o da Santíssima
Trindade. Coisas simples, que às vezes não temos condições de responder ou,
dizendo melhor, não sabemos responder de forma convincente. Vem o primeiro
"por que?"; a seguir, o segundo e o terceiro, desdobramento do
primeiro, e assim por diante.
Além
de tentar me desdobrar na tentativa de buscar explicação para o nem sempre
explicável, também estou vivendo outra fase, a do "para que?". É
provável que seja fruto da idade. Já passei dos 40 - estou repetindo para quem
não sabe ou para os mais curiosos. Sou um jovem, quase um adolescente. Votei
pela primeira vez na eleição presidencial no final da década de 80 (Collor x
Lula). Idade à parte, repito que estou tendo as duas experiências ("por
que?" e "para que?") nas duas pontas e, se não pirar até a Copa
de 2014, passarei para a fase seguinte. É certo que lá encontrarei uma
bifurcação mostrando dois caminhos: o renascimento ou a ressurreição. Não são
iguais. Não dá para explicar, não neste momento, não neste espaço.
Um
dos últimos "para que?" surgiu a partir de notícia divulgada na mídia
sobre um leilão de uma calcinha da Rainha Elizabeth II, vendida por US$ 18mil
(cerca de R$ 36mil, o preço de um automóvel). A peça, com monograma real, foi
esquecida pela monarca num país sul-americano que a rainha visitou há alguns
anos. Não vejo nada de excepcional no esquecimento (rainhas também tem lapsos
de memória) e não vejo como incomum o fato de alguém guardar a calçola de uma
celebridade como recordação. Conheço uma pessoa que ficou quinze dias sem lavar
o rosto beijado por um famoso. Quando a coisa estava ficando feia (e suja) a
mãe deu duas opções: água e sabão ou o chinelo. Marque opção1. Volto à calçola.
O que me deixa intrigado e curioso é: o que arrematante vai fazer com a dita
lingerie britânica?
Surge
um "para que?" a cada dia. Basta abrir um jornal ou acessar qualquer
portal de notícias na Internet. Promover enchimento exagerado de seios e dos
glúteos: para que? Desembolsar mais de um milhão de dólares por carrão para
ficar se exibindo no engarrafamento de qualquer capital brasileira: para que?
Construir mansão de vinte quartos quando só moram no espaço três pessoas, não
mais que quatro ou cinco: para que? Fazer das tripas coração para fazer
cirurgias de tentar embelezar o que não pode ser embelezado: para que? Marcar
ponto na igreja toda semana, quando a alma já está 'encomendada': para que?
A
lista é extensa e vou parar por aqui. Cada um faz o que quer de sua vida e não
cabe a mim ficar fazendo questionamentos sobre comportamentos e sobre o uso de
grana alheia. Minto. Há um "pra que?" que envolve a minha
contribuição e, como tal, tenho o dever de questionar: gastar milhões para
promover uma CPI que já se sabe o resultado: para que?
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