sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Unilab e sua proposta de integração com países de língua portuguesa

O professor Paulo Speller, reitor da Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (Unilab), foi o convidado para uma edição especial do projeto Conversando sobre a Graduação, organizado pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp. Criada no Ceará em 2010, no governo Lula, a Unilab é a mais nova das universidades federais e se diferencia das outras 58 coirmãs por sua proposta de integração internacional – no caso, com países de expressão portuguesa da África, Ásia e Europa. Foi desta experiência inovadora e desafiadora que o professor veio falar.
 “Começamos a atuar com um primeiro campus, o campus da Liberdade, na cidade de Redenção, escolhida por ter sido a primeira que aboliu a escravidão no Brasil, antes da Lei Áurea, em 1883. Existe esse fator simbólico, mas a Unilab está na Região do Maciço do Baturité, que é muito desassistida por universidades públicas, entrando aí a política de interiorização das federais”, explica Paulo Speller. “Na verdade, estamos na Região Metropolitana de Fortaleza (a 60 quilômetros da capital), contando com todos os serviços de uma grande cidade e conexões internacionais, inclusive com a África”.
O reitor informa que a Unilab iniciou suas atividades com os cursos de agronomia, enfermagem, engenharia de energias e administração pública, abrindo no ano passado a primeira licenciatura em ciências da natureza e matemática e, neste ano, os bacharelados de humanidades e de letras. “Em 2012 recebemos 360 estudantes, 40 vindos de todos os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste; ainda não recebemos de Portugal, por decisão nossa, até porque o país não precisa de universidades.”
Quanto aos brasileiros, Paulo Speller afirma que mais de 95% dos primeiros ingressantes vieram dos 13 municípios do Maciço do Baturité, atraídos por uma bonificação dada aos alunos da região e da escola pública. “É um processo semelhante ao utilizado pela Unicamp. Nesse ano, reduzimos o bônus, mantendo apenas para a escola pública. E, como entramos no Sisu [Sistema de Seleção Unificada], já está vindo gente de Fortaleza, de outras regiões do Ceará e de outros estados, inclusive de São Paulo. A Unilab começa a ser conhecida.”
Segundo o reitor, a meta é alcançar 5 mil estudantes na fase de implantação que vai até 2017, sendo metade de brasileiros e metade de estrangeiros. “Vim falar do conceito da Unilab, da possibilidade de parcerias com outras universidades e certamente com a Unicamp, e também dos nossos desafios. Para se ter uma ideia, ontem recebemos 69 estudantes de uma vez, todos do Timor-Leste, que consideramos como um dos países de língua portuguesa, quando não é bem assim: existem formas diferentes de falar o português e muitos alunos não são falantes nativos, tendo como primeira língua o crioulo, o tétum, o xangani e tantas outras. Mas é este o desafio.”
Paulo Speller sugere uma visita ao site da Unilab para colher mais informações sobre um projeto que ele considera inovador. “Estamos iniciando as obras do nosso campus definitivo, de Auroras, e também de um pequeno campus no município vizinho de Acarape, com o objetivo de expandir as atividades. Outro diferencial do projeto é de uma ‘universidade residencial’, já que o plano diretor prevê moradias para todos, além de restaurantes e áreas de lazer – é uma cidade, só não vai quem não quer.”

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