Assim que soube do
problema, o Consulado do Brasil em Madri foi ao aeroporto para averiguar se as
pessoas estavam tendo a assistência necessária, como alimentação e
medicamentos, segundo o Itamaraty. O grupo, no entanto, desembarcou às 19h53 de
terça-feira no Aeroporto Internacional de Salvador reclamando dos maus-tratos sofridos.
"Confiscaram minha medicação, mesmo eu dizendo que tinha diabetes, e nos
fizeram passar fome", conta a aposentada Djanira Cerqueira, de 74 anos.
Situação semelhante passou a dona de casa Joseísa Duarte, de 54 anos, também
portadora da doença. "Eles disseram que, se eu passasse mal à noite, não
adiantaria chamar, porque eles não atenderiam. Foi coisa de escravidão
mesmo".
A cabeleireira Telma
Brás, de 33 anos, confirma as acusações. "Estávamos em muitas pessoas,
mais de 20, na mesma sala, suja, sem poder tomar banho ou trocar de roupa,
desde domingo", conta. "Foi humilhante". Joseísa, que viajou com
a filha, a pedagoga Gilmara Duarte de Carvalho,
de 30 anos, e a neta Luana, de 6, para o batizado de outra neta, que mora na
Espanha, contou que todas tinham a carta-convite exigida pelo governo espanhol.
Segundo elas, os agentes alegaram falta de um carimbo da autoridade policial
espanhola no documento.
Apesar de a família ter conseguido obter o carimbo,
transmitido por fax para a imigração espanhola antes da deportação, as três
foram enviadas de volta para o Brasil. Procurados, os Ministérios de Relações
Exteriores e do Interior da Espanha não comentaram o caso. Questionado se a
deportação dos brasileiros era uma resposta ao aumento das exigências para os
turistas espanhóis, o Ministério de Relações Exteriores disse que
"respeita as decisões soberanas dos países".
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