Está
circulando pela Internet um filme em P&B feito em 1954, com o patrocínio de
uma grande empresa norte-americana, mostrando como seria o futuro do cidadão.
Tudo (ou quase tudo) que está no vídeo é, hoje, uma realidade: equipamentos de
cozinha equipados eletronicamente, lava-louças, interrupção da programação da
TV e possibilidade de retornar ao ponto de parada, sensores para abertura e
fechamento de portas e janelas, telefones celulares, aparelhos de TV de fina
espessura, computadores, etc. A visão dos autores, há 60 anos, foi precisa.
Olhavam a tecnologia do futuro como benéfica para a humanidade, fugindo daquilo
que alguns defendiam (“a ciência irá cegar os prazeres da vida”). Que nada! O
que as novas tecnologias proporcionam devem sempre ter como foco principal o
bem estar da coletividade.
O
filme de 54, presumivelmente feito sob a ótica institucional, remete a outro,
de 2011, em cores, do norte-americano Andrew Niccol. A história é
interessantíssima e se passa num futuro não determinado. Nesse ‘futuro’ as
pessoas não envelhecem, todas tem 25 anos. Que maravilha! Cada uma delas tem um
crédito armazenado no próprio corpo e pode viver a quantidade de anos que
desejar, desde que haja a realimentação – em minutos, horas, dias, semanas,
meses ou anos –, necessária para não falecer. Se zerar, o corpo também zera e
morre. Condição para ganhar créditos: ter grana. Para se conseguir grana e os
créditos, há opções: pelo trabalho, pelo roubo ou pela herança. Como filme, não
consegue passar por média, mas apresenta esse enredo interessantíssimo que pode ser transportado para os tempos
reais e atuais.
Na
hora, veio à cabeça um ditado que ouvi há muitos anos do meu tio Eduardo que
dizia de modo engraçado: “se merda fosse dinheiro, pobre nascia sem c....”.
Observem os dois casos: o real e a ficção. Na comparação com o real, toda a
tecnologia foi efetivamente colocada à disposição da humanidade, confirmando as
previsões visionárias de quem estava ‘antenado’ com o futuro. Os melhores inventos,
no entanto, sequer são conhecidos de uma parte da população que não sabe para
que serve o papel higiênico. E por falar nele, a população de uma ilha no
Caribe, próxima aos EUA (cerca de 160Km), não tem acesso ao produto. Lista
telefônica é vendida a preço de ouro como substituto. (‘Preço de ouro’ é só
força de expressão).
Na
comparação com a ficção, mesmo não existindo a tecnologia dos créditos como no
filme, o processo é semelhante. Quem tem pouco, se esgoela para sobreviver;
quem tem muito, quer mais e faz tudo, de forma legal ou não, para tirar de quem
já tem pouco. E há os que estão nas vias transversais, fazendo o que todo mundo
sabe e faz que não sabe. Isso se dá no mundo todo, inclusive no Brasil
maravilha, onde há um preparo para a criminalização do que já era crime: o
enriquecimento ilícito. Acho que estou desaprendendo e perdendo créditos.
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