O agravamento da seca na Bahia levou o Estado
a restringir o uso da água nas regiões afetadas pela falta de chuvas. Com 206
municípios em situação de emergência até esta sexta-feira (20), o governo
suspendeu a utilização dos recursos hídricos que não sejam com fins de
abastecimento humano ou animal. Com isso, agricultura, projetos de irrigação e
até de hidrelétricas passarão a ter o fornecimento suspenso até que as chuvas
caiam novamente. A seca na Bahia já é considerada a maior registrada nos
últimos 30 anos.
As
operações tiveram início na semana passada. Nesta terça-feira (17), fiscais do
Estado, com apoio da Polícia Militar, apreenderam seis bombas de extração de
água do rio da Prata, na Chapada Diamantina. Na próxima terça-feira (24), a
operação será realizada rio Água Fria, no sudoeste. Ainda este mês outras
operações devem ser realizadas em várias outras regiões.
O
coordenador-executivo da Defesa Civil da Bahia, Salvador Brito, explicou que a
medida --prevista nos decretos de emergência-- foi tomada porque os mananciais
estão secando e não há perspectiva de chuva nos próximos meses para
abastecê-los. “Estamos retirando as bombas que fazem a captação da água e todos
os barramentos que existem --muitos deles feitos sem outorga. Essas ações estão
sendo tomadas para assegurar, pelo maior prazo possível, o abastecimento de
água para o consumo humano e animal. Essa medida existe para evitarmos um
colapso”, disse.
Segundo
Brito, o Estado já realizou intervenções em vários locais. “Na bacia do rio
Paraguaçu, por exemplo, existiam muitos barramentos e, em muitos casos, essa
água era captada irregularmente. Nós estamos interrompendo isso, com a retirada
das bombas”, disse.
Além
de suspender o uso da água para “fins econômicos”, o Estado anunciou que vai
suspender o uso também para geração de energia. “O governo vai suspender a
geração de energia na barragem da Pedra do Cavalo, que é a maior bacia
hidrográfica do Estado. Lá existe uma central hidrelétrica operada pela
Votorantim. Isso vai ser combinado com o operador para que haja a desativação
do sistema temporariamente. Acredito que não afetará o abastecimento de
energia, pois a região pode ser abastecida por Sobradinho e Paulo Afonso, que
são os maiores produtores de energia. Claro que serão necessários algumas
operações de redistribuição, mas nosso pensamento, hoje, é no abastecimento
humano”, afirmou Brito.
A
estiagem de 2012 foi tão intensa que não atingiu apenas municípios do
semiárido. “Estamos com 262 municípios atingidos, 10 deles fora do semiárido.
Todos estão recorrendo a carros-pipa para atender as populações da zona rural”,
afirmou o coordenador da Defesa Civil. Outra novidade da semana foi a confirmação
da distribuição de alimentos. Nesta sexta-feira (20), 14 municípios em
emergência receberam cestas básicas, cedidas pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome. A entrega dos alimentos será feita na próxima semana.
Ao todo, segundo a Defesa Civil Estadual, 138 mil cestas serão distribuídas.
Outros Estados
Segundo estimativas meteorológicas, choveu
apenas 30% do que era esperado para o semiárido nordestino durante o verão --ao
contrário do litoral, essa é a época de mais chuvas na região. Ao todo, 474
municípios estão em situação de emergência no Nordeste. Algumas cidades estão
sem chuva há três anos. Nesta segunda-feira (23), os governadores nordestinos
vão se reunir, em Aracaju, com a presidente Dilma Rousseff para discutir o
problema.
No
Rio Grande do Norte, 139 municípios decretaram emergência no último dia 12. O
governo informou que os decretos foram publicados após a conclusão de um
parecer técnico detalhando a situação agroclimática do Estado, apresentado no
último dia 5.
No
Estado do Piauí, são pelo menos 82 cidades na mesma situação. Nesta sexta-feira
(20), o governador Wilson Martins (PSB) informou que pediu ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário a antecipação do pagamento do seguro-safra aos
produtores que tiveram perdas agrícolas.
Em
Pernambuco, o número de municípios em emergência já chega a 28. O crescimento
levou o governador, Eduardo Campos, a conversar com a presidente Dilma Rousseff
na próxima semana para tratar sobre o problema.
Em
Sergipe, já são 18 cidades atingidas, com mais de 100 mil atingidos. Alagoas e
Paraíba, que não possuem municípios com decretos, estão finalizando as
documentações para, nos próximos dias, informarem a situação de emergência.
No
Ceará, apenas um município já decretou a situação e outros podem publicar
documentos nos próximos dias. O Maranhão é o único Estado que ainda não
manifestou problemas pela falta de chuvas.
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