sábado, 21 de abril de 2012

Um nó de cada vez

José Carlos L. Poroca
Executivo do segmento de shopping centers

O título acima era para ser outro. O anterior tinha duplo (ou triplo) sentido e Walfrido me convenceu a fazer a mudança. Aproveito o momento para dizer que o penífero tagarela anda cada vez mais esquisito. Aparecia na minha janela quase toda semana. Agora, não tem mais dia certo; aparece pela manhã vez ou outra, fica alguns minutos e some. Tentei ver se tinha alguma relação com o abandono da sua periquita e da periquitinha. Não respondeu e ainda fez muxoxo.

Está cada vez mais inquieto e, às vezes, dá demonstrações de que está com síndrome da intolerância. Numa classificação de 0 a 100, a escala indica algo próximo do zero. Walfrido não disfarça e joga para as cucuias o que chamam de convívio social. Para ele, esse tal de bom convívio tem uma relação estreita com hipocrisia e falsidade. Há quem tenha bom trânsito nas duas margens numa boa; outros, não trocam Jesus por Genésio nem que a porca tussa. Para quem questionar o animal, a casa informa que a troca foi proposital: a vaca foi para o brejo.

Pois bem, a tolerância zero de Walfrido contamina alvirrubros e tricolores. Mostra-se intolerante para umas coisas e tolerante para outras. Nos últimos dias, assumiu a condição de advogado de defesa de político da região central do Brasil que está envolvido em questões pouco convencionais. Walfrido, para justificar a "carne fraca", trouxe à tona um episódio que ocorreu há não sei quantos anos, envolvendo um músico norte-americano, Robert Johnson.

Dizem que o músico fez um pacto com o 'xxxx' (recuso-me a escrever o nome ou apelido), que lhe oferecia grana, fama e o ingresso no rol de celebridades. Moeda de troca: a alma do músico. A permuta foi feita, mas, pelo visto, alguma coisa saiu errada. Não se sabe o destino da alma de Mr. Johnson, mas, se sabe que o músico não aproveitou a fama no tempo que esperava: morreu envenenado por um marido traído quando tinha menos de 30 anos de idade. Línguas mais ferinas dizem que a mulher do corno era o próprio 'xxxxx', que montou toda a trama para antecipar o desfecho e obter antes do prazo a contrapartida prevista no ajuste.

Os surtos de Walfrido, felizmente, são episódicos. Há alguns anos, travamos uma boa discussão sobre a influência do meio sobre o humano. Um dizia que sim, outro que não. A discussão nunca chegou a bom termo, porque, para os dois lados, sempre apareciam as exceções ("veja o exemplo de fulaninho, que saiu da lama e hoje é o que é"; "observe beltrano: vivia no mau caminho e hoje é um santo"; "sicrano, tão calado, passou a perna no sócio e cunhado...").

Os exemplos nem sempre refletem a realidade plena e, quando fora do palco, retornam à trilha original, com as marcas da passagem. Sempre pela veia otimista, esperemos que o "xxxx" tenha encurtado a sua passagem por terras tupinambás. E que Papai do Céu nos proteja dos paladinos, dos bonzinhos, dos justiceiros e dos heróis.

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