quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Poroca: Quem levou o meu chocolate?


José Carlos L. Poroca - Executivo do segmento shopping centers
jcporoca@uol.com.br

A casa alerta que o título não tem nada a ver com o livreto "Quem mexeu no meu queijo?", que figurou entre os livros mais vendidos (vendeu mais de 11 milhões de exemplares e foi traduzido em 26 países, inclusive na China), lançado na década de 60 e reeditado algumas vezes. Quem reclama até hoje da participação nos direitos autorais são os ratinhos que ficaram de fora da distribuição dos peixes e pães. Fora os autores e a editora, muita gente se aproveitou e ganhou dinheiro com essa filosofia barata de tentar explicar o que já está explicado na Bíblia. Basta observar os Dez Mandamentos, que também chegou a ser reeditado (teve duas edições).

Também não tem nada a ver com uma música bem antiga gravada por Chico "Viola" Alves, chamada "Foi Ela", que fala num violão quebrado, num coração despedaçado, com direito a "ô, ô". Observem que o "ô, ô" não é de hoje, já era da época dos meus pais, passou pela era dos meus tios e amigos (iê, iê, iê) e hoje, repaginado, se transformou no "woh, woh", no "ai, se eu te pego", no "eu quero tchu" ou no "tchubirabiron".

Dava até para dizer que o título está sendo usado como forma de homenagear Luiz Gonzaga, que estaria completando 100 anos em 2012 e que teve um instrumento furtado no Rio de Janeiro. O "rei" tinha uma afeição pessoal pelo instrumento e ficou desolado. Contam que chorou como uma criança quando perde o doce ou quando vê a sua pipa sumir "pelo céu". Muitos anos depois, Gonzagão reencontrou a sanfona branca surrupiada nos braços de um sanfoneiro - que não fora o autor do delito -, numa feira na cidade de Cajazeiras (PB). Ficou com os olhos marejados, mas nada fez, ou, dizendo melhor, ficou apenas observando a "companheira"; sequer chegou a dizer ao portador que aquela sanfona um dia havia sido sua.

O chocolate do título é aquele 'nigucinho' marrom adocicado que faz muita gente ficar com água na boca e que também já rendeu músicas, livros, poemas, etc. Aproveito o espaço para dizer que não sou chocólatra e o produto feito de cacau não está na lista dos preferidos. Sei de gente que paga uma nota por 100g de chocolate suíço e existe uma marca que custa uma fábula, sinônimo de qualidade e de bom produto. O meu não. Nem observei se tinha marca. Era um tablete simples, com uma inscrição "papai, você é show!". Fiquei me sentindo o "Bila".

O meu chocolate de estimação sumiu, como num passe de mágica, não ficou nem a embalagem. Fiquei desolado e me senti como milhões de brasileiros na olimpíada londrina de 2012. O pirulito (vôlei masculino) e o bombom (futebol) foram colocados nas nossas bocas e quando começamos a sentir o gostinho doce, transferiram para as bocas dos russos e dos mexicanos. Isso não se faz. Quero o meu chocolate de volta. Se não aparecer, vou recorrer a Bento XVI.

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