quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Serejo: O verde secou

 Por: Vicente Serejo

Não será apenas de orfandade – e já seria muito – o papel do Partido Verde nas eleições municipais deste ano. Aquele mesmo que há quatro anos, puxado pelo fenômeno populista da hoje prefeita Micarla de Souza, não só conquistou a simpatia do eleitorado natalense como arrebatou das mãos de um acordão de caciques uma vitória imaginada em Brasília que reunia adversários em torno não de uma luta política, mas feita para agradar à candidatura da deputada petista Fátima Bezerra, ungida pelo Palácio do Planalto.

O acordão, de tão espúrio, o acabou punido nas urnas logo no primeiro turno, mas estranhamente nada sofreram seus signatários. Pelo contrário. A governadora Rosalba Ciarlini teve o apoio da prefeita eleita como reciprocidade; Garibaldi Filho é ministro; Henrique Alves líder nacional do PMDB e forte no Palácio do Planalto; José Agripino continuou senador; Fátima Bezerra, a candidata derrotada, com seu mandato de deputada federal e Micarla de Souza assumiu a Prefeitura como se fosse uma nova líder.

Até mesmo aquele que saiu derrotado das urnas, e autor do acordão, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, acabaria sendo beneficiado com a derrocada da gestão Micarla, mas sem que se lhe possa negar o mérito de ter resistido sem aderir ao governo Rosalba Ciarlini. Manteve seu PDT eqüidistante de novos acordos e assim lidera as pesquisas pelo menos há três anos. Além de ter reunido em torno de sua luta todos adversários antigos e novos da governadora e prefeita, como Wilma de Faria e Robinson Faria.

Ninguém pode afirmar que o desastre da gestão Micarla de Souza sepulta a sua carreira política. Mas os números da pesquisa demonstram que o natalense, independentemente do preparo ou da postura dos outros candidatos, não querem arriscar novas experiências. A clara preferência pela candidatura de Carlos Eduardo em todos os segmentos – idade, grau de instrução e faixa econômica – revelam o temor hoje fixado no sentimento do eleitor com seus claros sinais de cristalização que as pesquisas atestam.

Além de outra verdade que não poderá ser escondida: os candidatos do PMDB e PSDB/DEM são dois nomes qualificados nos quadros dos seus partidos, mas é como se a eles faltasse uma autenticidade indispensável. Chegaram às ruas como arranjos partidários improvisados, como justificativas perfeitas para um jogo que precisa ser travado como selo de garantia de um jogo maior que se trava no âmbito de Brasília. O PMDB para mostrar coerência e o DEM para manter o faz de conta de uma falsa resistência.

São poucas as chances dos adversários do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. Até por uma verdade quase que dialética: sua candidatura não foi construída pela força do PDT ou de sua habilidade política. Nasceu como efeito natural do desastre que se abateu sobre a gestão Micarla de Souza, hoje órfã do seu próprio partido que se desfaz em adesões, sem discurso e sem postura, a procura de alguns poucos lugares nas poltronas da Câmara. Um fim melancólico para um partido que parecia ser o verde da renovação.

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