Não
será apenas de orfandade – e já seria muito – o papel do Partido Verde nas
eleições municipais deste ano. Aquele mesmo que há quatro anos, puxado pelo
fenômeno populista da hoje prefeita Micarla de Souza, não só conquistou a
simpatia do eleitorado natalense como arrebatou das mãos de um acordão de
caciques uma vitória imaginada em Brasília que reunia adversários em torno não
de uma luta política, mas feita para agradar à candidatura da deputada petista
Fátima Bezerra, ungida pelo Palácio do Planalto.
O
acordão, de tão espúrio, o acabou punido nas urnas logo no primeiro turno, mas
estranhamente nada sofreram seus signatários. Pelo contrário. A governadora
Rosalba Ciarlini teve o apoio da prefeita eleita como reciprocidade; Garibaldi
Filho é ministro; Henrique Alves líder nacional do PMDB e forte no Palácio do
Planalto; José Agripino continuou senador; Fátima Bezerra, a candidata
derrotada, com seu mandato de deputada federal e Micarla de Souza assumiu a
Prefeitura como se fosse uma nova líder.
Até
mesmo aquele que saiu derrotado das urnas, e autor do acordão, o ex-prefeito
Carlos Eduardo Alves, acabaria sendo beneficiado com a derrocada da gestão
Micarla, mas sem que se lhe possa negar o mérito de ter resistido sem aderir ao
governo Rosalba Ciarlini. Manteve seu PDT eqüidistante de novos acordos e assim
lidera as pesquisas pelo menos há três anos. Além de ter reunido em torno de
sua luta todos adversários antigos e novos da governadora e prefeita, como
Wilma de Faria e Robinson Faria.
Ninguém
pode afirmar que o desastre da gestão Micarla de Souza sepulta a sua carreira
política. Mas os números da pesquisa demonstram que o natalense,
independentemente do preparo ou da postura dos outros candidatos, não querem
arriscar novas experiências. A clara preferência pela candidatura de Carlos
Eduardo em todos os segmentos – idade, grau de instrução e faixa econômica –
revelam o temor hoje fixado no sentimento do eleitor com seus claros sinais de
cristalização que as pesquisas atestam.
Além
de outra verdade que não poderá ser escondida: os candidatos do PMDB e PSDB/DEM
são dois nomes qualificados nos quadros dos seus partidos, mas é como se a eles
faltasse uma autenticidade indispensável. Chegaram às ruas como arranjos
partidários improvisados, como justificativas perfeitas para um jogo que
precisa ser travado como selo de garantia de um jogo maior que se trava no
âmbito de Brasília. O PMDB para mostrar coerência e o DEM para manter o faz de
conta de uma falsa resistência.
São
poucas as chances dos adversários do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. Até por
uma verdade quase que dialética: sua candidatura não foi construída pela força
do PDT ou de sua habilidade política. Nasceu como efeito natural do desastre
que se abateu sobre a gestão Micarla de Souza, hoje órfã do seu próprio partido
que se desfaz em adesões, sem discurso e sem postura, a procura de alguns
poucos lugares nas poltronas da Câmara. Um fim melancólico para um partido que
parecia ser o verde da renovação.
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