Após atos manifestando contrariedade à Portaria 303 da
Advocacia Geral da União, que levou a FUNAI a chamar reunião com a Secretaria
Geral da Presidência da República com demais órgão envolvidos para reverem sua
posição, tendo em vista o desrespeito à Lei 5051/2004 que promulga a Convenção
169 da OIT no Brasil, e prevê a consulta aos Povos Indígenas e suas
organizações, foi suspensa até 24 de setembro de 2012 a entrada em vigor da
referida portaria.
A FUNAI terá agora de
consultar os Povos Indígenas acerca das mudanças que a Portaria 303 traz, tendo
para isso 2 meses para reunir os povos em suas regiões, apresentar a proposta
da AGU, registrar as posições indígenas, sistematizar e apresentar à Secretaria
Geral da Presidência.
O que se observa aqui
é mais uma clara manobra para chegar à aceitação pelos Povos Indígenas e FUNAI.
Como? Isso já ocorreu. Quando?
Em 2011 o governo
federal iniciou discussões acerca do aceleramento dos processos de
licenciamento ambiental. Nas reuniões se falava que seria um Decreto
Presidencial que alteraria a forma de licenciamento, deixando aos Povos
Indígenas o direito à Estudos de Impacto Ambiental apenas quando o
empreendimento estivesse dentro de Terras Indígenas homologadas pela Presidência
da República, deixando a serem impactadas mais de 215 Terras Indígenas que
estão em processo de identificação ou declaradas pelo Ministério da Justiça,
sem contar as que ainda seguem como demanda para iniciar processo de
identificação na FUNAI, de acordo com o Decreto 1775/96. Se o empreendimento
estivesse na margem da Terra Indígena não necessitaria de estudos e seria
automaticamente aprovado sem consulta aos Povos.
Com isto, tanto indígenas como FUNAI ficaram assustados,
tendo em vista que um Decreto Presidencial deste porte constrangeria várias
leis e acordos nacionais e internacionais, num contexto em que o Brasil é
chamado na na OEA por conta do descaso da UHE Belo Monte, mas não comparece ao
julgamento. A pressão tamanha gerou stress entre técnicos da Fundação Nacional
do Índio, instabilidade entre órgãos parceiros no licenciamento (IBAMA, FUNAI,
ICMBio, Fundação Palmares), e ainda a desconfiança dos indígenas quanto ao
governo Dilma que estava em seu primeiro ano. Neste contexto foram fixados
acordos, estabelecendo distâncias mínimas entre as Terras Indígenas e os
empreendimentos que deveriam ter estudos, sem uma análise técnica efetiva que
garantisse, mas mais por uma necessidade do PAC em estabelecer formas de
aprovação mais rápida das licenças para as obras. Ficou definido prazos para o
IBAMA e demais órgãos se posicionarem e, tendo atraso na resposta, ficaria
automaticamente aprovado, entre outros acordos.
Pois ao final o que
parecia uma vitória para os indígenas, FUNAI, ICMBio, Fundação Palmares e
IBAMA, por conseguirem através de esforços e discussões ferrenhas garantir um
mínimo de respeito aos direitos das minorias, se transformou numa declarada
estratégia do Bode na Sala. Como? Ao invés do posicionamento da Presidenta
Dilma, como era ameaçado nas reuniões, foram assinadas Portarias
Interministeriais entre Ministério da Justiça, do Meio Ambiente, da Cultura e
da Saúde, que diante da segurança dos acordos fechados, diante dos
posicionamentos das Fundações menores com
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