quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Serejo: meu irmão Iaponan


 Por: Vicente Serejo

Neste 19 de julho, perdi meu irmão, primogênito do meu pai, Iaponan Soares de Araújo, após uma longa enfermidade. Ele nascera em São Vicente em 26 de novembro de 1936 onde fez seus primeiros estudos tendo sua mãe Milka como professora. Foi estudar no Colégio Diocesano de Caicó e com a nossa transferência para Natal, foi pro Ateneu.  Ingressando nos quadros técnicos do DNER, foi transferido para o Paraná e depois para Santa Catarina, quando no Governo de Juscelino Kubitschek se implantava a grande BR-101.

Em Florianópolis, conheceu e casou com Vera Nocetti de Araújo, talvez e coincidentemente do mesmo Araujo da nossa família, pois seu pai, seu Victor, dizia-nos que sua família viera do Nordeste brasileiro, para o sul, fugindo da seca de 1877.  Iaponan formou-se em Pedagogia e História em Santa Catarina com pós-graduação em administração e gestão de arquivos. Foi Secretário de Estado da Cultura de Santa Catarina na gestão de Espiridião Amin e Presidente da Fundação Catarinense de Cultura.

Aposentado, criou e dirigia o Museu da poesia manuscrita e mantinha um grande acervo literário, notadamente dos escritores potiguares.

Fôra condecorado com as medalhas culturais dos governos do Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

Membro da Academia Catarinense de Letras, Iaponan publicou diversos livros, a maioria na área da crítica literária e do resgate histórico de intelectuais e artistas catarinenses. Sua bibliografia inclui: Ernani Rosas (1965), Marcolino Antonio Dutra (1970), Panorama do Conto Catarinense (2ª. edição), 1974, A poesia de Oscar Rosas, Três narrativas da insônia (contos), 1977, Arquivos e documentos de Santa Catarina (1985), Vamos conhecer Biguaçu (1985) e Poesia de Ernani Rosas (1989).

Iaponan teve com Vera os filhos Maria Raquel, Débora, Joaquim, Valéria e Juliana que lhe deram sete netos.

É mais um fragmento nosso que se despedaça, deixando-nos menores e mais frágeis. Não temos a grandeza de Maria, a menina de Nazaré que cantava “exultai o meu espírito em Deus meu salvador”, diante do mistério da vida, mas procuramos um consolo diante do mistério da morte.

Mesmo meditando nas palavras do poeta que afirmava que “para isso nós fomos feitos…” é difícil aceitar a perda e consolar a dor da saudade.

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