terça-feira, 15 de novembro de 2011

Adagio molto e mesto da tua hora

Por Jairo Lima


lástima

 a ampulheta já calou a voz que declinava o teu nome

 os nervos crispados da infanta madrugada fazem tremer a terra isenta

 da tua sombra



o halo de tua pele, interdito às retinas, alcança-o um verbo no pretérito

 uma pedra na praia observa calada … lentamente do verso desprende-se

 uma rima

 violoncelomar decanta o sal das águas e incrusta a esmeralda no ostensório desse dia



(a tarde) (a noite) (a madrugada) ———– o dia———– teu verso

 ENFIM

 já se vê, além do espelho, os músculos da montanha retesados

 em mesa de nuvem o tempo devora Partículas de luz

 não venhas mais que é hoje

 é plena madrugada

 é plena Luna

 terra minguante deserto última palavra acorde verdescuro sangue transfigurado réstia revogada

 não venhas mais que é hoje

 os dentes da Luna cravaram-se no teu pelo

 adagas navegam na órbita do teu sangue – o tema ergue o punhal sobre

 o teu nome

 leva teu pássaro ao aprisco de trevas onde pastoreia o ontem

 se és em deslembrada luz enreda-te nos fios de tua carne até que o sim te sangre e imponha à lâmpada passante uma fronteira guardada por lobas assassinas

 que se lançam à presa,espumantes de fúria, e gritam:HORAS, este é o nosso nome

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