segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Resumo do livro: Antropologia para quem não vai ser antropólogo

Por karlinha A. Mirelle
  1. I. O que é, como surgiu?
  2. 1. O que é Antropologia?
O estudo das Ciências Sociais é motivo de grandes questionamentos quanto a sua utilidade. Afinal, o desconhecido de tal matéria é praticamente geral, mesmo entre os estudantes.
Além de que existe um grande pensamento equivocado em relação ao protótipo do antropólogo, onde ele é visto como alguém da selva, em busca de aventuras e de desvendar histórias.
E muitas pessoas também os confundem com outros tipos de profissionais relacionadas com a pesquisa histórica, como os arqueólogos, ou até com os paleontólogos, ao imaginar que eles estudam os fósseis ou algo relacionado.
Outra complicação à cerca da Antropologia é quanto ao significado de seu nome, que diz ser o estudo do homem, mas atualmente este é um conceito inválido, mesmo porque não tem um sentido próprio e abranda o geral.
Entretanto, a Antropologia não tem um conceito claro, ela é um conjunto de estudos e pesquisas das coisas que estão no nosso meio social, seja em relação à educação, à política, etc., envolvendo desde os índios até a sociedade contemporânea.

  1. 2. Como surgiu? Um pouco de história
A Antropologia surgiu na Europa, aproximadamente no século XI, e foi motivo de várias comparações com a Sociologia, já que iniciaram da mesma forma devido aos contextos sociais intelectuais, econômicos, políticos e culturais, sendo a Sociologia uma ciência da sociedade industrial, sociedade esta que prevalecia na época.
Já a Antropologia teve uma forte ligação com o surgimento do capitalismo, sendo este parte de sua origem histórica refletido nas teorias dessa ciência. Além disso, sofreu influências do positivismo, do evolucionismo, entre outras correntes.
  
  1. 3. Evolucionismo Social e Positivismo, Meio e Raça.
3.1 Evolucionismo Social
O meio europeu daquela época teve fortes influências das Ciências da Natureza, nas quais se destacaram os intelectuais Pierre Lamarck e Charles Darwin, ambos com teorias que tratavam da evolução da sociedade que representaram um grande avanço.
Para Lamarck, as sociedades evoluíam por conseqüência de mudanças e adaptações no meio ambiente. Para Darwin, a evolução do indivíduo se dava por meio de uma seleção natural. Mas ambas tinham a mesma idéia de que o ser humano ia do mais “simples” para o mais “complexo”, enfim, que ele evoluía.
E, por isso, vários outros pensadores da época resolveram adotar esse método, inclusive os antropólogos, que levaram vários de seus aspectos para a ciência da Antropologia.
A partir daí, antropólogo Henry Lewis Morgan criou uma concepção de que existia humanidade selvagem, bárbara e civilizada, por critério de evolução. Já James Frazer afirmou uma evolução do pensamento, onde ele teria estágios que seriam magia, religião e ciência.
Mas essa idéia evolucionismo só teve realmente critério na sociedade Européia, porque os mesmos se classificavam evolutivamente, considerando-se civilizados e tinham as colônias como primitivas.

3.2 O Positivismo
O Positivismo também surgiu a partir das Ciências da Natureza, mas era levado para um lado mais racional dos pensamentos ainda que com a ajuda dos meios naturais, nascendo a Sociologia positivista através de Auguste Comte.
Para ele, as explicações dos homens para os fenômenos teriam passado por três fases: a teleológica ou fictícia, a metafísica ou abstrata e a científica ou positivista, onde as explicações seriam baseadas em ações sobrenaturais, em especulações filosóficas e nos métodos científicos, respectivamente.
E, por isso, com o tempo, os antropólogos e sociólogos, passaram a não ter mais interesse em estudar a sociedade de acordo com o meio natural e sim a ver o homem social como um ser racional.
Mas é importante destacar que mesmo que a Antropologia e a Sociologia tenham mudado o método de suas pesquisas, existe ainda sim a presença do evolucionismo e do positivismo no nosso modo de pensar e ver a vida social.

3.3 Meio e Raça
Durante algum tempo, a idéia do determinismo geográfico foi muito utilizada para explicar as diferenças das regiões ou para explicar porque um lugar é mais desenvolvido do que o outro, dando como reposta que o tempo quente ou frio nos torna mais trabalhador ou mais preguiçoso, respectivamente, tendo o homem como um “produto do meio”.
Mas a Antropologia mudou essa perspectiva ao afirmar que mesmo as sociedades que são semelhantes geograficamente ou climaticamente possuem diferenças em relação à cultura, já que é uma questão de seletividade e não de causa e efeito.
O determinismo biológico também foi bastante utilizado, ao comparar as raças com o nível de desenvolvimento da sociedade, tanto que nos Estados Unidos, até pouco tempo, os negros eram considerados inferiores.
Entretanto, é indispensável dizer que as mudanças sociais são freqüentes e umas são mais fáceis de serem vistas do que outras, seja internas no próprio meio ou com a influência de outras culturas, através, atualmente, da globalização.
Nesses casos, a Antropologia se baseia principalmente na História, nos levando a entender que há uma grande diversidade cultural entre as sociedades, mas que são apenas diferenças e não desigualdades geográficas ou biológicas.

  1. 4. Etnocentrismo
O Etnocentrismo seria a nossa maneira de se portar em sociedade que traz vários conflitos e dificuldades para a Antropologia, em termos metodológicos ou políticos.
Seja quando nossa cultura social e individual, que obtemos desde pequenos, prevalece sobre outras realidades ou quando temos idéias baseadas na raça e no meio, tornando as convicções de uma sociedade superior a de outra.
E o desafio da Antropologia seria o de descobrir a relatividade da nossa cultura e das outras culturas, tanto em relação aos nossos princípios, quanto ao que nos motiva a pensar politicamente sobre um determinado ponto de vista.

 II. E as visões foram mudando…
  1. 1. O trabalho de campo: o antropólogo “dança com lobos”.
Surge uma Antropologia moderna através de pesquisas e coletas de dados, ou seja, a partir de uma etnografia, que mudou a visão do antropólogo em relação às sociedades estudadas.
E essa seria uma das características da Antropologia, onde podemos citar como exemplo o filme “Dança com Lobos”, em que o personagem principal adquire aos poucos a cultura Sioux a partir de uma convivência efetiva com locais.
Um dos grandes representantes que usou a etnografia foi Malinowski, que acrescentou várias técnicas a ela e métodos que a desenvolveram. A partir daí surgiu uma Antropologia visual e um registro livre do discurso, que ainda forneceu métodos para o evolucionismo social e o etnocentrismo.
Mas, em contrapartida, o autor Franz Boas superou esse conceito do evolucionismo e do etnocentrismo ao dizer que existia um “relativismo cultural”, ou seja, que as sociedades deveriam ser compreendidas relativamente.
E foram esses autores, Malinowski e Boas, que modernizaram a Antropologia considerando o trabalho de campo o maior método dessa ciência.

  1. 2. Enquanto isso, na França.
Para os franceses, as diferenças entre a Sociologia e a Antropologia praticamente não existem, devido a terem recebido influências de pesquisas empíricas e por terem uma concepção mais intelectual, sem a necessidade das pesquisas de campo.
Por isso, Émile Durkheim quis mostrar que a Sociologia possuía características individuais. Não tinha nada haver com a concepção biológica dos seres humanos ou com a subjetividade efetiva da psicologia, e sim que a sociedade está no interior de nós a partir de um processo que vai desde quando nascemos até a vida adulta.
Durkheim afirmava que a anterioridade e a exterioridade do indivíduo são refletidas por meio da educação, seja escolar ou familiar.
Ele também dizia que até o nosso modo de sentir e pensar é absorvido da sociedade e aprendido nela, dando origem ao que ele chamou de Fato Social, da Sociologia, com uma idéia de que é coercível ao indivíduo.
Em concordância, a Antropologia diz que nossos pensamentos são oriundos de uma vida social, onde nos relacionamos com os outros.
Marcel Mauss, posteriormente, concluiu um conceito de Fato Social Total, mais evolutivo e desenvolvido do que o fato social de Durkheim porque envolve vários elementos da sociedade em uma única vez, como no Natal, onde todos os nossos atos sociais se realizam para uma finalidade única e geral, que seria o dar e receber de presentes.
  III. O olhar antropológico
  1. 1. Tão diferentes, tão iguais: somos todos “tribais”.
Uma coisa que nos motiva é a curiosidade em entender todos os elementos e conceitos de outras sociedades para descobrir como realmente é a cultura que seguimos e respeitamos, a partir de comparação entre as diferenças.
Um exemplo disso é sobre as atividades tribais que tem relações com o nosso consumo na sociedade, já que ambas tentam tomar o símbolo pela coisa simbolizada, levando à conclusão de que somos todos tribais.
Outro exemplo diz questão ao totemismo, onde nas sociedades tribais há uma ligação entre a natureza e a cultura e nas atuais essa mesma relação se dá no mesmo sentido envolvendo a publicidade, onde nós transformamos objetos não-humanos em coisas culturais e não a natureza.
Além desses casos, podemos perceber que temos ainda muitas características indígenas, como o ato de visitar parentes.
Isso só confirma o que nós já concluímos, que a Antropologia é uma ciência muito extensa abrangendo diversos assuntos, desde os exóticos ao familiar.

  1. 2. A experiência da pesquisa: o “estar lá”.
Uma das várias características da Antropologia e a de que ela tem relação com a quantidade movida pelo interesse do antropólogo em se aprofundar no assunto, para obter o que se deseja.
E para isso é preciso “estar lá”, ou seja, participar da vida social e da cultura do lugar, voltando ao caso da etnografia.
Esse trabalho consiste em observar diretamente o que acontece na sociedade, e para isso é preciso que tenha uma estreita relação humana, com respeito por parte das pessoas envolvidas.
O escritor Anthony Seeger, a partir de uma convivência com os Suyá, pôde definir alguns aspectos que seriam importantes para o trabalho de pesquisa: participar do cotidiano e “olhar”.
Por fim, pode-se entender que a Antropologia se baseia em uma totalidade e não em métodos, onde o “olhar” e o “estar lá” têm forte influência.
Claro que ela é bem mais abrangente do que tudo que se falou, mas temos que saber que nós somos cidadãos e que estamos numa sociedade em processo cultural, e é aí que entra a diversidade da Antropologia.

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