sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Após determinação, canteiro de obras de Belo Monte é desocupado

Com reportagem de AGUIRRE TALENTO, de Belém

Os manifestantes que ocuparam o canteiro principal da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA) saíram da área no início da noite desta quinta-feira, informa a assessoria de comunicação do CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte).

 Mais cedo, a juíza Cristina Collyer Damásio, da 4ª Vara Cível de Altamira, concedeu liminar em favor da Nesa (Norte Energia S.A.) determinando a desocupação.

 A rodovia Transamazônica também foi desobstruída pelos manifestantes, e o tráfego de caminhões, carros e ônibus foi liberado.

 O Consórcio Construtor informou que está convocando os trabalhadores lotados nesta frente de obras a retornar ao trabalho amanhã. Em princípio, temendo a manutenção da ocupação no fim de semana, os trabalhadores chegaram a ser dispensados do trabalho na sexta-feira.

 Ao contrário das obras no canteiro Belo Monte, os trabalhos nas frentes do Sítio Pimental e no Travessão 27 (via de acesso que liga a Transamazônica ao canteiro Pimental) seguiram normalmente.

 Indígenas, ribeirinhos, agricultores e membros de organizações não governamentais contrárias à construção de Belo Monte invadiram na madrugada de hoje o canteiro de obras. A principal reivindicação do grupo é a paralisação da obra.

 Ficou definida uma multa de R$ 500 por dia para aqueles que descumprirem a decisão. A liminar foi concedida hoje à tarde.

 Em nota, a Nesa condenou a invasão, afirma que o projeto é acompanhado pelo Ibama.

 Índios invadiram o canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte e bloquearam a rodovia Transamazônica

 OCUPAÇÃO MALSUCEDIDA

Uma operação malsucedida de ocupação de uma das áreas onde será instalado os equipamentos da usina hidrelétrica de Belo Monte foi montada em abril de 2010, nos dias que precederam e que sucederam o leilão do projeto.

 Financiados por ONGs (organizações não governamentais) nacionais e estrangeiras, lideranças indígenas chegaram a deflagrar na ocasião uma operação logística para transferir membros de várias etnias que vivem na região para a ilha Pimental.
 Por dentro dessa ilha passará o paredão da barragem principal, o que permitirá, alguns quilômetros rio acima, a drenagem pelo canal que sairá da margem esquerda de parte das águas do rio para dentro da chamada Volta Grande do Xingu.
 A ideia dos indígenas era a fundar uma base multiétnica para marcar a posição contrária ao projeto. A reportagem da Folha chegou a encontrar uma de duas embarcações encarregadas de trazer os indígenas.
 Outro barco, repleto de mantimentos, ficou ancorado no chamado Posto 6, no cais da cidade de Altamira, aguardando a ordem para descer o rio até a posição do Sítio Pimental.

 A operação foi abortada em razão de divergências entre os indígenas. Desde então, a proposta de ocupação das frentes de obra, sobretudo depois do início da construção, voltou a ser tema entre comunidades que gravitam ao redor dos movimentos sociais contrários ao projeto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário