sábado, 22 de outubro de 2011

Gatos

Por Jairo Lima

harpejam-se dorsos
à imponente cerimônia do tato
órbitas de líquida luz esculpem ogiva no espaço
tímbales poderosos marcam a cadência solene do passo
contraindo os seus músculos siderais gira a esfera azul sob o gato
que espreita os ponteiros – o tempo é sua caça
e com garras de jade se incrusta no dia
em si mesmo ídolo altar e pedra isenta-se da sombra
e se proclama na nudez calada que antecede o seu nome
as luas contemplam absortas a graça de sua luz
e suspendem suas marés e ventanias enquanto ele passa
depois do último luzeiro fica o seu rastro
dança em aço assim diz a canção que descreve o seu nome
plenos de si como sóis imersos em sangue
alongam o gesto que os faz ser gatos
aos seus pés o tempo geme, dominado
não são jardins nem mirantes nem alegres cercanias
são pedras que rompem e desviam o leito das horas
são o desvio
o olhar que os encontra enche-se de sabedoria ao ler sua escritura profana

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