domingo, 25 de setembro de 2011

Cultura e Meio Ambiente, por Geraldo Barboza de Oliveira Junior

A Cultura pode ser definida como sendo o resultado de todo comportamento apreendido pelo homem enquanto pertencente a um grupo social. O homem é, ao mesmo tempo, produtor e produto da cultura; e também, processo e resultado do meio onde vive. O clima e a altitude, as matas, os rios, os lagos e o mar, a seca e a poluição, o trânsito engarrafado e o fim da tarde na praia são como molduras que incluem e influenciam as relações humanas em ritmo, intensidade e formas comportamentais.
Considerar o meio ambiente como um indicador social significa compreendê-lo além de sua face meramente física e natural, mas como um elemento da maior importância na constituição das relações e processos humanos que servirão como base cultural de toda e qualquer comunidade.
A cultura particular de cada sociedade vai servir como base para a relação do homem com o meio ambiente em que vive. Ele pode e sempre será um transformador deste ambiente. A diferença está no tipo de transformação que ele vai proporcionar. Pode ser de conservação ou de predação.
As políticas sociais que tratam da questão ambiental devem ter como meta a inclusão do homem como elemento maior no meio ambiente. Não se pode falar em natureza excluindo o homem. Considerar natureza somente animais e plantas é ter uma visão pueril e inocente da questão ambiental. Tratar a questão ambiental dentro das políticas sociais deve ser um processo que objetive, através da educação, transformar o homem de predador a conservador do meio ambiente.
Nossa herança cultural em relação ao meio ambiente inclui práticas predatórias sedimentadas já há muitos séculos: a caça e a queimada (coivara) são os exemplos mais gritantes. Por que ainda se admita o capricho de se caçar aves de arribação e outros animais silvestre como pacas, veados, preás, hoje o homem pode comprar carne em açougues e supermercados. A caça desses animais, hoje, não é pra suprir necessidades nutricionais. É pra farra e para a venda nas estradas. A caça predatória é feita por puro prazer. É do conhecimento geral que caçadores de aves de arribação chegam a matar milhares de aves por dia. Com certeza esse quantitativo não é pra matar a fome dos caçadores. É comum ver uma grande parte desse quantitativo de aves apodrecerem e ter como destino o lixo. Conseqüentemente, a natureza e o homem pagam por esse luxo desnecessário.
A educação para uma necessária mudança de consciência pode e deve começar nas escolas. Antes da Lei, que trata da repressão, é preciso criar uma cultura que veja o ambiente como finito e homem com o causador dessa finitude. A escola tem um papel fundamental nesse projeto social. Ela deve ser o meio de tornar o homem consciente de seu papel como elemento integrante da natureza. Deve fazê-lo entender que seus atos sempre terão conseqüência sobre o meio ambiente.
A simples atitude de jogar lixo na rua, lavar as calçadas com água (que é tratada e encanada para ser utilizada como bebida humana), queimar as plantas (que servem para criar uma camada de proteção do solo contra os raios solares) sempre trarão como conseqüências situações que resultarão em grande prejuízo para toda a humanidade. Fala-se muito assim: “Cuidado que esta atitude vai prejudicar o meio ambiente”. Quando se fala assim, imagina-se o meio ambiente como algo externo ao homem. É preciso que se fale: “Cuidado, que esta atitude vai prejudicar a você, a mim e nós todos os humanos que dependemos, e somos parte, do meio ambiente”.
Quando se fala em educação interdisciplinar e multidisciplinar – que na prática é a integração de diversos conhecimentos para um objetivo comum – deve-se tentar o mesmo exercício nas políticas sociais. Os gestores públicos devem pensar o local (seja uma região, um Estado, um município, uma comunidade) como um corpo que precisa, para funcionar bem, de vários diagnósticos que sejam complementares. Na prática, as secretarias, por exemplo, devem atuar em uníssono em termos de um objetivo maior: a melhoria na qualidade de vida da população ali residente. População, neste caso, inclui todos os seres vivos. Seres humanos, animais, plantas, rios, a qualidade do ar, etc.
Enfim, a melhoria na qualidade de vida dos seres humanos passa, essencialmente, por uma melhoria na condição do meio ambiente onde estes estão inseridos. A cultura é o meio disciplinador das relações do homem com o meio ambiente. Daí não se poder pensar em meio ambiente como algo externo da atuação humana. O homem faz parte do meio ambiente. A cultura determina como o homem atua sobre e neste ambiente. A educação pode servir para direcionar a cultura humana para um comportamento que colabore na preservação ambiental. Neste momento entra a participação dos gestores das políticas sociais com a construção de um planejamento que observe estas categorias e torne o homem o grande aliado de si mesmo ao preservar o meio ambiente onde vive.

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