sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Poesias by INFÂMIA


By Infâmia      (www.jairolima.org)

 
Jairo Lima

Terça

No Livro da Sétima - Danças

(A Adriana Falcão)

 

ata meus olhos às rodas do sol
e faz com que eles descubram entre nuvens passantes
um claro indício de teus hinos

deixa que a luz deles se apodere
e te diga
vem
e te enlace em gritos

ata meus olhos ao esplendor dos sinos
pois os últimos grãos desta tarde já foram banidos
e tua sombra interroga os vales do sol

ata meus olhos
ao linho branco da luna
aos músculos da noite
aos vidros frios dos cimos

 
Ascenso Ferreira

 
GAÚCHO

 
 Riscando os cavalos!

 Tinindo as esporas!

 Través das cochilhas!

 Sai de meus pagos em louca arrancada!

 — Para que?

— Pra nada!

 

 Carlos Pena Filho

 Desmantelo Azul

 
 Então pintei de azul os meus sapatos

 por não poder de azul pintar as ruas

 depois vesti meus gestos insensatos

  e colori as minhas mãos e as tuas

 

 Para extinguir de nós o azul ausente

  e aprisionar o azul nas coisas gratas

 Enfim, nós derramamos simplesmente

 azul sobre os vestidos e as gravatas

 

  E afogados em nós nem nos lembramos

 que no excesso que havia em nosso espaço

 pudesse haver de azul também cansaço

 

 E perdidos no azul nos contemplamos

  e vimos que entre nascia um sul

  vertiginosamente azul: azul.

 

Cecília Meireles

Canção Mínima

 

No mistério do sem-fim

equilibra-se um planeta.

 

E, no planeta, um jardim,

e, no jardim, um canteiro;

no canteiro uma violeta,

e, sobre ela, o dia inteiro,

 

entre o planeta e o sem-fim,

a asa de uma borboleta

  
 
Teorema

Nair Damasceno

 
Eu,

Pronome pessoal,
Reino animal,
Homo sapiens
Substantivo concreto.

 
 Átomo,
Molécula,
Célula,
Massa identificável
Ocupando lugar no espaço.


 Eu:

 Alma poeta,
Sentimento e emoção,
Digo SIM à vida
E o mundo responde NÃO.

  Eu,

 Sujeito,
Objeto do tempo
Que me tornou invisível.

 

 



 

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