segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Comunidades quilombolas no Nordeste

Quilombola, a origem

Remanescentes de escravos, os quilombolas formaram-se a partir de processos diversos e não apenas de fugas e ocupações de terras isoladas e livres. Também denominados de mocambos, os quilombos podem ter sido constituídos a partir de recebimento de herança, de doações, recebimento de terras como pagamento de serviços prestados ao estado. Ou de compra de terras durante e após o regime escravocrata. São grupos étnicos com trajetória, relação territorial específica e ancestralidade negra. Têm ligação com a resistência à opressão histórica. Os quilombolas guardam um patrimônio cultural e histórico da origem afro-brasileira. Existem cerca de 2 milhões no país.

Maioria no Nordeste

Cerca de 50% das 3 mil comunidades quilombolas existentes no Brasil estão no Nordeste. Das 1.289 já reconhecidas pelo governo, 598 se situam na região. Os escravos e seus descendentes contribuíram muito para a expansão da raça negra aqui: a entrada dos negros seguiu os ciclos de tráfico escravista e de expansão econômica da região durante os períodos Colonial e Imperial. Não por acaso, o Nordeste é a região com maior contigente populacional de autodeclarados pretos - atinge 7,7% da população, ao passo que a média nacional é de 6,2%. Mais antiga área de povoamento do país, o Nordeste tem a segunda maior população no Brasil (com 51,5 milhões de pessoas).

Abolição incompleta

Foi em 13 de maio de 1888 que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Ela pôs fim ao período escravista e foi revolucionária também ao negar aos proprietários o direito à indenização. A escravidão teve início no Brasil com o início da colonização portuguesa (no Século 16) e durou cerca de 400 anos (final do Século 19). Para o movimento negro, a princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, foi vencida pela luta dos abolicionistas e negros. Por isso, a história deve mais ao líder escravo Zumbi dos Palmares.

 Estados visitados: Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará

 Comunidades visitadas: Serrote, em Stª Maria da Boa Vista (PE); Conceição das Crioulas,
Salgueiro (PE); Cupira, Stª Maria da Boa Vista (PE); Serra da Barriga, União dos Palmares (AL);
Barreiros, Coremas (PB); Lagoa Rasa, Catolé do Rocha (PB); Baixão, Betânia do Piauí (PI); Alto Alegre, Horizonte (CE); Base, Pacajús (CE); Jatobá, Patu (RN); Boa Vista dos Negros,Parelhas (RN)
Pobreza é novo cativeiro

 Mulher sábia, dona Rosalena respirou em dois tempos. Por uma nesga da porta, olhou enviesado. Resistiu a conversar sobre a vida na comunidade rural quilombola Lagoa Rasa, em Catolé do Rocha, Alto Sertão da Paraíba. Quando recobrou a disposição, principiou: “De liberdade não sei falar, não. Só de pobreza. A gente é cativo da pobreza”. A voz transpirava indignação. “O povo é livre para andar. No resto, depende dos outros para tudo. Pobre - elevou a voz como se usasse um marcador de texto - só sabe sofrer”. Estava certa a velha senhora de 84 anos. O cotidiano dos descendentes de escravos, chamados de quilombolas, é uma denúncia da abandono secular. Um flagrante de agressão à Declaração Universal de Direitos Humanos.

O cotidiano deles revela a ausência de políticas públicas acumulada após a promulgação da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil há 120 anos. Fora das senzalas, falta saúde, água, saneamento básico, educação de qualidade, terra para plantar, renda e respeito da sociedade e dos governos. O que lhes mantêm é a disposição para resistir, diz dona Rosalena da Conceição: “A gente é forte e batalhadeiro”.

Existem cerca de 2 milhões de quilombolas no Brasil em 3 mil comunidades. 1.289 são reconhecidas pelo Governo Federal; 50% no Nordeste. A viagem de 5 mil quilômetros por seis estados da região (PE, AL, PB, RN, CE, PI) realizada para essa reportagem escancara o extremo da exclusão social. Os quilombolas respiram sob condição muito pior que a maioria da população do país. Pior que os nordestinos e os sertanejos. Que os camponeses pobres da região, mostram as estatísticas da sobrevivência. Mas pouco se fala desses cidadãos.

As páginas a seguir procuram a impressão digital desses brasileiros. Fogem do retrato do quilombo como uma “manifestação exótica ou do passado”, como define o antropólogo Maurício Arrut (RJ). Mostram a precariedade da rotina de gente, como dona Rosalina, Diego, Bidia, Andrelino e Ana, que está entre o ontem e o hoje.

Este caderno especial é um alerta. Ou se presta a esse papel. A equipe se embrenhou pela terra pedregosa e distante dos sertões para fazer uma complexa investigação jornalística. Aborda o quadro social, econômico, político e cultural desse povo esquecido. Procura sair do lugar comum. Aqui, a cultura e a religiosidade dividem espaço com temas nem sempre abordados em profundidade.

A reportagem se debruça sobre a má-alimentação, os esgotos a céu aberto, as dificuldades do aprendizado e a falta de terra própria para plantar e progredir. O trabalho discute a acessibilidade aos serviços (muitos quilombos estão em locais de difícil acesso), o racismo e o preconceito duplicados: essa população sofre por ser negra; e quilombola.

O trabalho se atém a um enfoque étnico raro. Os quilombolas, a exemplo dos índios, merecem também da imprensa tratamento compensatório por quase 400 anos de opressão escravista e pelos últimos 120 anos de escanteamento. Entende-se que é necessário ir além da disputa fundiária entre fazendeiros e quilombolas - luta justa e intensa. Por trás dela, há uma legião de injustiçados, à margem do desenvolvimento. Ao estilo de dona Rosalina, o trajeto da reportagem foi pensado. Contou com a ajuda de antropólogos e pesquisadores de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Foi percorrido antes de entrevistas com autoridades, a exemplo do ministro Edson Santos, da Igualdade Racial. Priorizamos o Sertão nordestino - abatido pela seca e miséria.

Dentre as comunidades visitadas, uma possui um valor simbólico: a da Serra da Barriga, hoje estado de Alagoas e até o final do século 16 pertencente a Pernambuco. Situada no município de União dos Palmares, onde a equipe esteve em 21 de novembro (Dia da Consciência Negra), a Serra é um marco para os negros. Lá, o líder Zumbi lutou contra a exclusão, a escravidão e ousou sonhar com a liberdade e a igualdade de direitos. Algo que dona Rosalena deseja para os netos e bisnetos. E pelas quais Francisca Maria da Silva - a Bidia, sua filha - luta todos dos dias há mais de 20 anos, muito antes de os quilombolas ganharem essa denominação. “Espero que, enfim, a gente tenha liberdade de verdade, com condições de moradia, trabalho e alimentação digna para todo mundo”. A nós resta dizer ‘Oxalá’.

Liberdade veio “sem asas e sem pão”

Isoladas em terras da zona rural, comunidades quilombolas levam vida sem direito à água, comida, energia elétrica e saneamento básico

As imagens desérticas do trajeto que leva à maioria das comunidades rurais quilombolas provocam um silêncio estrangulador. A sensação de isolamento atordoa e nos remonta ao século 16. Nos alpendres das casas mal-acabadas ou feitas de barro, os quilombolas anseiam por condições de vida mais digna. E por uma inclusão social devida desde a promulgação da Lei Áurea. Os negros foram libertos e ficaram à própria sorte - sem educação, moradia, condições de trabalho ou de adaptação ao novo mundo. Passados 120 anos, as condições de vida de seis netos de seu Afonso Henrique Nogueira, de 68 anos, condensam um estado generalizado de precariedade.

A contundência do caótico quadro social quilombola é corroborada por um estudo coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome que afirma: A maioria de 57% faz parte da classe E (Até R$ 768,00 de renda familiar), é analfabeta (47% para os chefes de famílias), não tem esgotamento sanitário (45%) e a taxa de desnutrição chega a 15%. Os menores de 5 anos “constituem um grupo de altos risco”, afirma o relatório, divulgado em 2007.

Todos menores de 10 anos, Iraildes, Gilson, Expedito, Pedro, Rita e José moram numa casa de taipa, sem energia elétrica e saneamento básico. Consomem água sem tratamento. Comem mal ou passam fome. As lágrimas rolam em ritmo acelerado quando um pacote de salgadinho Elma Chips não é suficiente para dividir para toda a criançada. “É muito ruim quando não aparece merenda da escola. Tem vez que falta 15 dias”, lamenta o avô, trabalhador rural esforçado que religiosamente vai à lida todos os dias, no entorno de Juazeiro Grande, comunidade distante 18 quilômetros da cidade de Mirandiba (PE) - Sertão de Pernambuco, situada a 423 quilômetros do Recife. Quando a saúde de um deles está debilitada, a avó - rezadeira conhecida como dona Santinha - faz chás ou rezas para curar os netos ou os vizinhos.

Seu Afonso, a mulher e os rebentos podem cobrar a efetivação de inúmeros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1948. A sobrevida da família Nogueira infringe em particular o Art° 25 da Declaração: “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários”. Esses direitos seu Afonso não tem.

Na prática, hoje o cotidiano de cerca de 2 milhões brasileiros quilombolas do país - cerca de 900 mil crianças - é de uma “liberdade sem asas e fome sem pão”, parafraseando o poeta gaúcho Oliveira Silveira ao falar sobre a situação dos negros no Brasil. Os quilombolas, ressalte-se, representam muito mais que filhos, netos e bisnetos de fugitivos das senzalas. O conceito antropológico moderno enfatiza a identidade e território dos remanescentes de quilombolas. São considerados quilombolas descendentes de escravos que compraram, ganharam ou se apossaram de terras após a abolição. Ou que se reconhecem assim. Eles não são necessariamente negros, como considera a imaginação popular. Ao longo do tempo houve uma miscigenação racial natural - entre negros, índios e brancos.

Pretos ou pardos, os quilombolas compõem uma legião de brasileiros invisíveis. Começam a se organizar, mas o isolamento social no qual vivem muito se parece com o das estradas que levam às comunidades onde moram.

As crianças mais desnutridas do país

A desnutrição das crianças quilombolas no país chega a 15,6%. Ou seja, 15 de cada cem crianças da Classe E quilombola passam fome ou não têm na mesa a comida adequada para lhes tornar sadias. O quadro dos quilombolas menores de cinco anos é tão grave que se iguala às crianças do Nordeste urbano de 1996. É como se as crianças quilombolas estivessem uma década atrás na questão da saúde, com relação à média do Brasil.

O melhor parâmetro está no índice da "desnutrição crônica", que compara o déficit entre altura e idade. Entre os quilombolas, a "desnutrição crônica" média é de 11,6%, apontam os números da Chamada Quilombola Nutricional, promovida em 2006. A taxa brasileira atual é de 7% entre menores de cinco anos, informa estudo do Ministério da Saúde. Em 1996, o percentual do Brasil era de 13% . O aceitável pela Organização Mundial da Saúde limita-se a 3%, correspondente às crianças geneticamente pequenas.

 Os quilombolas, com 11,6%, estão muito aquém do "aceitável", revela a Chamada Quilombola, após pesquisa junto a 60 comunidades em 22 estados do Brasil. Eles passam fome e continuam querendo “chegar em algum destino”, como diz o recifense Solano Trindade em seu poema “Tem gente com fome” (Livro Cantares do meu povo, ed. Brasiliense).

Mais conhecido poeta da resistência negra, Solano (que faria em 2008 cem anos), lamentaria se vivo fosse o índice de desnutrição "aguda", medidor da relação entre peso e altura, das crianças quilombolas. Os da classe E (que formam a maioria) atinge 2,6%. No Brasil, a "aguda" está em 1,6%, diz a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), do Ministério da Saúde, de julho em 2008.

A saúde dos idosos quilombolas de comunidades rurais também é muito ruim. Distante dos centros urbanos, eles encontram dificuldade para tratamentos regulares e sofrem sobretudo com hipertensão. O organismo do negro permite uma absorção maior de sal, o que é agravado com a alimentação. Nos sertões, por exemplo, o consumo da carne de charque.

Nas residências quilombolas, os mocambos do século 21, instalação sanitária é expressão estrangeira. "Faz até graça. Aqui tem isso não", responde seu José Teixeira (40 anos), de Cupira, comunidade localizada em Santa Maria da Boa Vista (PE) e reconhecida pela Fundação Palmares em agosto deste ano como terra de quilombo. Quem tem banheiro nesse Nordeste rural e desconhecido, vive no luxo. A caatinga é um cômodo à parte na maioria das residências dos descendentes de escravos. Durante o dia, é comum ver crianças - agora negras e mestiças – se misturarem ao barro e beber água de açudes ou cacimbões, sem qualquer tratamento. Assim acontece nos estados de Pernambuco, Bahia, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e em todo o país. Até mesmo em comunidades históricas como a Serra da Barriga (União dos Palmares, AL), berço do movimento liderado por Zumbi e antigo território pernambucano onde entre 1597 e 1694 se instalou o maior quilombo do Brasil.

A família do menino João Carlos, de um ano, procura até hoje um cantinho da mata para suas necessidades fisiológicas no alto da Serra da Barriga. Em novembro de 2008. Não interessa a Adriana Basílio, ao filho João Carlos e à filha Ana Paula se é 20 de novembro, data na qual se festeja o Dia da Consciência Negra. Há mais de 300 anos era igual para milhares de pessoas – 10, 20 ou 30 mil, cogitam historiadores – do alto da Serra. O esgotamento sanitário nas residências de lá permanece inexistente, diferente da maioria das residências do país (95% do Brasil têm saneamento básico).

 Para quase metade da população quilombola, o quadro se reproduz. Muitos não têm água encanada (43,8%) ou esgoto (45,9%), revela estudo coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento. Deixam seus excrementos a céu aberto. E abrem caminho para as doenças da miséria, como as verminoses, a diarréia freqüente e as doenças transmissíveis por mosquitos. Um bom exemplo da ausência de saneamento básico entre os quilombolas: a comunidade de Buenos Aires, a 18 quilômetros do município de Custódia (Sertão de Pernambuco). Lá, somente entre 20 e 30 casas das 252 famílias residentes, têm banheiro. Quase 90% das residências usam a mata. Os dejetos descem as barreiras, caem nos reservatórios. A água é consumida por homens e bichos. "Conclusão: doenças de pele e intestinais não faltam", diz Yolanda do Amaral, liderança do Sertão do Moxotó do estado.

"A Constituição Federal", frisa a doutora em sociologia Vânia Fialho (UFPE - UPE), "garante o respeito às diferenças. Não às desigualdades". Por isso, diz a especialista em comunidades tradicionais brasileiras, faz-se necessário pensar de forma ampla e não desmerecer as políticas relacionadas à saúde e educação. Vânia é uma das maiores referências em quilombolas de Pernambuco e, assim como a maioria dos estudiosos do tema, acredita que a qualidade dos serviços essenciais para a população negra remanescente de quilombolas depende da propriedade territorial.

Nove léguas de água separam os quilombolas de Barreiros (em Coremas, Alto Sertão da Paraíba) dos serviços básicos essenciais para o desenvolvimento de qualquer cidadão brasileiro. São 54 quilômetros do maior açude do estado. Em Barreiros, uma mãe, como Adrejane de Lacerda, prestes a dar à luz, precisa contar com os serviços de barqueiros para ir ao hospital na cidade. Ou com a gentileza de seu José Jorge, o Zé Pequeno, guardião da comunidade que estica o dia e acorda na madrugada para transportar "de graça" – dizem os vizinhos – qualquer um que esteja “com urgência”.

Para as crianças e adolescentes do lugar, essa é também a rotina de estudos. Correm riscos diários na travessia do açude, com 20 metros de profundidade. A resistência de Josi, Severino, Cícero, Maria, Antônia, Adriano, crianças e adolescentes de Coremas, está em driblar o difícil caminho até a escola. Outros 50 estudantes da comunidade de Buenos Aires (Custódia, PE) passam por desafios do mesmo tamanho, quando em dias de chuva têm desatolar o carro que faz o transporte escolar. Em Buenos Aires, o acesso à escola, a 18 quilômetros do centro da cidade, é um dos tantos obstáculos a que os quilombolas são submetidos para estudar.

Até o Ministério da Educação reconhece, no relatório “Quilombo - Espaço de Resistência”, que as unidades educacionais quilombolas "estão longe das residências dos alunos e as condições de estruturas são precárias". A exemplo de Barreiros e de Buenos Aires. Admite igualmente a "escassez de água potável e das instalações sanitárias inadequadas" nas escolas. O próprio ministério também sintetiza o que se vê em visita às comunidades: o número de professores é insuficiente para atender à demanda; outros tantos professores não são capacitados.

São raras as unidades educacionais quilombolas que possuem ensino fundamental completo. Em muitas, o professor conduz aulas para turmas multiseriadas. Uma criança da alfabetização (ou 1º ano) fica no mesmo espaço que outras do 1º e 2º anos do ensino fundamental. O sistema multiseriado, que atrasa o desenvolvimento da criança, funciona em comunidades como Conceição das Crioulas (em Salgueiro, PE), Buenos Aires e Serra do Talhado (Mirandiba, PE). Em Matões dos Moreiras, a 48 quilômetros de Codó (MA), as crianças estudam num salão construído pela própria comunidade. As paredes são de tijolos e o teto, de palha de babaçu. Também lá as salas são multiseriadas.

De acordo com o censo escolar de 2007 do Ministério da Educação, existem 1.253 escolas localizadas em áreas remanescentes de quilombos no país. Cerca de 75% estão no Nordeste, região que também concentra a maior quantidade de comunidades. Bahia e Maranhão lideram o ranking de matrículas, alunos e escolas quilombolas. Pernambuco ainda está muito abaixo do necessário: o Censo de 2007 mostra que existem apenas 46 escolas em comunidades quilombolas em Pernambuco. No estado são cerca de 100 comunidades catalogadas. Não há estatísticas no Brasil de quantas escolas colocaram em prática a Lei nº 10.639, de 2003, que tornou obrigatório o ensino da História afro-brasileira no ensino fundamental da rede pública e privada.

Entre quilombolas de Parelhas (RN), Patu (PB), Croatá (CE), São Luiz Gonzaga (MA) e Salgueiro (PE), acadêmicos e autoridades ministeriais, um consenso: a regularização fundiária das terras dos descendentes de escravos é ponto de partida para minimizar as enfermidades sociais que atingem esse povo. Há 20 anos, em seu Artº 68, a Constituição brasileira concedeu aos quilombolas o direito da propriedade definitiva do lugar onde moram. Mas o artigo envolve a luta pela terra, por tradição marcada por focos de tensões e revoltas. As áreas afastadas e despovoadas, ou parte delas, foram tomadas ao longo dos últimos séculos. Antes sem valor imobiliário e onde negros, mestiços e indígenas se organizaram e constituíram família, transformaram-se em focos de conflitos permanentes. Ruralistas, governo federal e Justiça discutem a definição antropológica das comunidades, brigam pela delimitação do espaço e pela posse e são co-responsáveis no atraso de uma reparação histórica.

“A gente tinha tudo aqui. Tinha açude e lugar para plantar. Foi perdendo um pedaço num ano, outro no ano seguinte e pronto. Ficamos espremidos. Tenho lembrança do que aconteceu nesse local [aponta para além de uma cerca]: foi em 7 de dezembro de 1967. Vi os fazendeiros tentando nos humilhar. Aos berros, chamavam a gente de covarde. Esculhambavam a negrada de Conceição. Foi horrível. Lembro até hoje e ainda tenho medo de passar por aqui”, conta seu Andrelino Mendes, 56 anos. Narrava um dos momentos precedentes à “expulsão” das famílias de Luiz Oliveira e João da Silva, que estariam “atrapalhando” planos dos fazendeiros fincados ao redor da vida de Conceição.

O episódio deu a seu Andrelino um impulso para lutar pelas terras de Conceição das Crioulas (42 quilômetros da sede do município de Salgueiro). Foi para São Paulo, trabalhou, trabalhou e, aos poucos, tem comprado glebas de terras dos proprietários reconhecidos como donos antes da titularização da terra quilombola. Graças às terras doadas por Andrelino, a comunidade construiu uma escola e uma creche. A luta pela terra em Conceição das Crioulas é simbólica. Pioneira no estado, está num estágio avançado - ganhou certificado em 2000, possui o título dos 18 mil hectares, só usufrui de 30% e a desapropriação tem sido protelada. “Não queremos o documento para dizer ‘essa terra é nossa’. Queremos plantar, colher os frutos para comer e ter renda”, diz Aparecida Mendes, líder de Conceição. “O povo está escravo dentro da sua própria terra”, afirma Cida.

Pendências - As terras quilombolas representam milhões de terras no Brasil. Os números são inconsistentes, assim como os de comunidades quilombolas e de pessoas que nelas vivem. Os 79 relatórios técnicos de identificação e delimitação já publicados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) somam 554 mil hectares. Existem mais de 3 mil comunidades do país; apenas 105 delas têm o título de terra no Brasil. No Incra, existem cerca de 800 processos de regularização de terra abertos em quase todos os estados - a exceção do Acre, Pará e Roraima. São 1.289 comunidades reconhecidas, informa a Fundação Palmares, instituição ligada ao Ministério da Cultura e responsável pela promoção da cultura afrobrasileira. O reconhecimento é o primeiro passo legal. Depois, são feitos laudos antropológicos e relatórios técnicos até a concessão de posse da terra. A desapropriação das pessoas não-quilombolas e a titulação são os últimos passos.

“O que há não é um problema cultural ou de assimilação. Existe, na verdade, posicionamento político diante das terras quilombolas. Um país que foi 400 anos escravocrata não sai disso de maneira impune”, diz Zulu Araújo, presidente da Fundação Palmares, instituição responsável pela promoção da cultura afro-brasileira. “Há visões ainda nos dias de hoje escravocratas. Que consideram os quilombolas e os negros seres de segunda categoria. Precisamos de uma sociedade igualitária”, diz Zulu, uma espécie de ícone na defesa do negro no Brasil. Zulu Araújo compara os argumentos atuais da bancada ruralista no Congresso Nacional, que se opõe a forma de concessão de títulos aos quilombolas, aos argumentos utilizados pelos antiabolicionsitas de 1888: “Dizia-se que a abolição iria provocar o caos, desorganizar a economia, provocar uma luta fraticida entre negros e brancos. Hoje dizem que a demarcação vai provocar uma guerra racial, desorganizar a economia no campo e trazer prejuízos à sociedade”.

A noção ção de direitos dos últimos 20 anos. O reconhecimento e a delimitação de terras de litígio, a exemplo da que ocorreu em Alcântara (MA) em novembro passado, ainda são raras, apesar de significativas. 62 mil hectares dos 148 mil hectares de Alcântara eram centro de uma disputa entre quilombolas e o Centro de Lançamento de Foguetes, desde a década de 80.

 Às 6h da manhã, ela acorda e prostra-se diante da Bíblia. Abre as folhas amareladas e repete um hábito. Maria José de Barros lê, sem cansar, o mesmo salmo - o de nº 93. O texto fala da vida em comunidade, de paz, compreensão e respeito. Aos domingos, após a leitura do salmo, vai à missa. De lá, segue para a casa de mãe Neide. Faz oferendas aos orixás do Candomblé, considerados os espíritos da natureza e cultuados no Brasil desde as senzalas. Maria comemora o Natal dos católicos e, no dia da Consciência Negra, sobe à Serra da Barriga (União dos Palmares, Sertão de AL) para prestar homenagem ao líder da revolta escravista Zumbi dos Palmares. Com orgulho, enverga uma saia branca rodada e um turbante africanizado na cabeça.

 “Deus é um só”, lembra, no alto do “solo sagrado” de Palmares, em pleno 20 de novembro, horas após visitar a Lagoa dos Pretos. Com cheiro de história, linda, a lagoa é o lugar onde foi feita a celebração religiosa à memória de Zumbi no amanhecer daquele dia.

A religiosidade do negro quilombola reproduz a cultura deles. Engloba elementos do catolicismo e do candomblé. A grande parte é puramente católica, mas o auto- reconhecimento da situação política - fenômeno sociológico em processo de consolidação há 10 anos - vem promovendo uma aproximação com os práticas de origem afro. “Buscamos restabelecer nossos laços culturais”, explica Neide Martins, mãe de santo que fala de religião, movimentos artísticos e territórios quilombolas com a mesma desenvoltura. Neide, ao lado de pais e mães de santos de Alagoas, Pernambuco e Bahia entre outros estados, tenta vencer o preconceito que existe contra o cultos afro-brasileiros . No Ceará, Francisco Coelho (46 anos), conhecido em Horizonte (CE), como Francisco de Oxum, tem conseguido. Desde sua chegada na comunidade de Alto Alegre, há quatro anos, aumentou o número de praticantes da umbanda (que homenageia os espíritos dos índios e escravos). Coelho sabe que no Sertão a resistência é maior.

A Raiz – Preponderante, o catolicismo dos quilombolas do Sertão nordestino é visceral. Compreensível, dizem os estudiosos, porque faz parte de um processo de aceitação histórica. “Até hoje, há um preconceito muito grande. Meu filho mesmo, tem medo até hoje. E já é adulto”, diz Maria, sorrindo, como se aceitasse e respeitasse.

O catolicismo é visto por toda a parte nas comunidades quilombolas - nas pequenas igrejas, no escapulário que muitos carregam, nos santos expostos em lugar nobre da sala de estar. Religiosos adentram caatinga afora, em procissão, com uma imagem do Sagrado Coração de Jesus na mão, em um dia qualquer, como o que vimos em 18 de novembro, em Lagoa Grande, Custódia (PE).

As benzedeiras são inseridas nesse mundo e estão espalhadas nos recôncavos das casas modestas. Na comunidade quilombola de Gia, em Quixadá (Sertão de PE), onde vivem cerca de 200 famílias, cinco benzedeiras gozam da confiança popular. Parte da tradição, elas próprias vêm perdendo lugar para os novos evangélicos. Entranhadas na vida dos quilombolas e benquistas como parentes próximos e experientes no uso da medicina popular das plantas, elas suprem as necessidades de uma saúde deficiente e de uma debilitada rede de proteção social. Dona Santinha (de Lagoa Grande, PE) usa pinhão roxo para olho gordo, jatobá e umburama de cheiro para gripe. Outras, adotam a folha de mamoeiro e azeite para dor de cabeça. As rezadeiras oram e usam os ensinamentos das raízes para a cura - prática também adotada por africanos. Quando não dá certo, a fé, resistente como os negros que trouxeram a base desse sincretismo religioso, resolve.

O trabalho nas roças de feijão e nos pequenos açudes consome as energias. Suga as forças de um povo que vive com menos do que merecia. À noite e nos finais de semana, a diversão para os quilombolas é escassa. As celebrações fazem parte do novenários, dos casamentos e de outras celebrações religiosas. Para alguns, as colheitas merecem festa. As matrizes africanas estão por toda a parte e são elas que tornam a cultura quilombola tão rica. No vocabulário, na gastronomia, na música, na dança. Os sinais de uma África pulsante nas comunidades rurais revelam-se nos jovens de Parelhas (Sertão do Seridó, RN) que começam a orgulhar-se dos seus cabelos crespos e trançados. Ou no gingado cheio de graça de dona Patrocínia Marques dos Santos, de 86 anos, uma parteira tradicional que faz de tudo para entrar numa roda de batuque, na comunidade quilombola de Serrote (Santa Maria da Boa Vista, PE).

“Eu ensino para quem quiser. É muito fácil. Basta se requebrar”, diz, entusiasmada, dona Patrocínia enquanto troca uns passos com seu Maximiano dos Santos (58 anos) e a menina Maísa Martins (5 anos). Em Serrote, é forte a influência dos negros escravizados. A despedida de um noivo prestes a se casar é feita em ladainha, mistura do divino com o profano. “Chora noivo, chora noivo até não querer mais/que a vida de solteiro você não vai ter mais”, diz um trecho, acompanhado pela batida dos pés, como uma roda de côco. A união - muitas vezes feita entre parentes - precisa ser abençoada por uma senhorinha de 97 anos que cuida do quadro amarelado com a imagem de Dom Jesus da Lapa. Segundo contam, dona Etelvina dos Santos recebeu a missão de herdeiros e preserva a imagem que passa de mão em mão há mais de 200 anos.

A cultura afro-brasileira passa por um momento de valorização. E ganha papel político; os quilombolas sabem que ganham importância por meio dela. As bandas de pífanos, de percussão e as danças, assim como a produção de artesanatos, têm recebido um importante incentivo do governo federal - foram R$ 4 milhões em 2008. Nos grandes eventos, a exemplo da comemoração do Dia da Consciência Negra, confirma-se a multiplicação de grupos de capoeira, de dança e de concursos de beleza negra quilombola, como o que elegeu Ana Maria Leopodina de 17 anos em Alagoas. “O auto-reconhecimento das origens dos quilombolas favorece esse momento”, avalia Maurício Reis, diretor de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Palmares, entrevistado em Alagoas.

Uma iniciativa significante para a valorização cultural negra e quilombola merece destaque: é o Observatório Afro-Latino, uma página na internet lançada em novembro na Fliporto (feira de livro de Porto de Galinhas), que servirá para pesquisas sobre a cultura dos afrodescententes da América Latina (http://afrolatinos.palmares.gov.br). Mais dia menos dia a dança de dona Patrocínia e o esforço da Ong Malungos do Ilê e da bela dança afro que os meninos apresentam para manter viva a dança do seu povo, vão parar do outro lado do mundo.

O orgulho de ser quilombola é um fenômeno social novo no Brasil. Ele resplandesce nos depoimentos de dezenas de parentes de negros escravizados. Mas nenhum testemunho é igual ao de Fernanda Rodrigues, de 22 anos. A satisfação dela olha para frente e está desprovida de ressentimento; a convicção, tem potencial multiplicador. "Eu sou tão negra quanto Patrícia", afirma, categórica. Põe, em seguida, a mãos apoiadas com delicadeza sobre o ombro da amiga - confidente de amores e de luta contra o preconceito e exclusão do seu povo. Fernanda fala de Ana Patrícia Coelho, quilombola de Cupira (Santa Maria da Boa Vista, PE). Uma, Fernanda, tem pele branca; a outra, Patrícia, negra. "Não interessa se sou mais clara. Não tenho dúvida da minha origem. Sou quilombola porque meus pais e seis dos meus sete irmãos são negros e porque nossos antepassados viveram aqui", afirma Fernanda, estudante de pedagogia. "O que define o quilombola não é a pele. É a identidade de alguém com as origens de um lugar", explica.

Determinada, espera quebrar tabus e confia na proximidade do dia no qual o passado sem direitos será visto à distância. "A gente precisa muito e luta por investimentos na educação e oportunidades, principalmente para os jovens", diz. Patrícia aguarda uma chance semelhante à da amiga de infância. Fernanda estuda na Faculdade de Formação de Professores de Petrolina (FFPP – UPE) com a ajuda de uma bolsa de estudos do Promera (Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária). "Na comunidade, a gente fica muito limitada. É difícil porque falta renda para as famílias bancarem os estudos e muitos jovens precisam ir trabalhar em Petrolina ou São Paulo, como eu já fui", conta Patrícia, que cursa magistério. "Só não é pior porque somos unidos e passamos a nos reconhecer pelo que somos e de onde viemos", conceitua Fernanda.

As jovens buscam a superação dos problemas sociais, mas reconhecem que é preciso vencer outro inimigo: o racismo, instalado desde o Brasil Colônia quando os negros representavam a inferioridade racial. "Primeiro, a gente tem de se libertar da gente mesmo. Abandonar essa idéia de que tudo que é ruim está em nós, negros", ensina Tereza de Jesus, 32 anos, de Horizonte (CE). Ela sabe bem do que fala. Quilombola, foi criada por uma família branca, estudava em escola particular com os três irmãos adotivos, mas "não podia tomar banho na piscina na bela casa onde morava". Confusa com a proibição, fugiu aos 10 anos para ser babá numa outra residência. Mais tarde, casou, foi morar em casa de taipa, sem televisão, energia. Nada. "Uma pessoa fez a diferença na minha vida. Foi meu padrinho, que um dia disse para mim: ‘Não tenha vergonha da sua cor. Tenha força. Você vai ser grande’. Hoje eu sou grande”.

Tereza se vê maior e, satisfeita, diz que as vizinhas também já têm histórias de superação. Dona Antônia Ronalda da Silva levou décadas para se dar conta do quanto era “grande”. "Eu tinha seis anos. Quando chegava alguém lá em casa, me escondia atrás da parede da casa de sapé. Pensa que eu saía? Eu achava que minha cor ia pegar no povo", relata. "Pois, minha filha, hoje sou a pessoa mais feliz da vida. Onde chego as pessoas fazem uma festa. Descobri que ter pele negra é até bom porque pode levar mais sol". Conta com satisfação sua história para qualquer pessoa que bata à sua porta.

Os jovens quilombolas, a exemplo de Fernanda e Patrícia, buscam caminhos para conseguir mais. Depositam esperança nos gestores públicos e na educação de qualidade para tirar os remanescentes de escravos da exclusão. Outros, como João Batista Martins (quilombola de Boa Vista dos Negros, em Parelhas - RN), apostam na abertura dos valores da sociedade e no reconhecimento do papel do negro para a história, cultura e formação do país. "Tenho certeza que a eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos, será bom para todos nós, negros e também os quilombolas", acredita João, de 40 anos. Quem sabe uma onda de valorização do negro, como sugeriu dom José Maria Pires, reparará a dívida do Brasil com os quilombolas, lhes dará a vida digna e lhes libertará da pobreza da qual (ainda) são cativos.

Tributo a Solano Trindade

Nasceu em Recife (PE) o mais renomado escritor brasileiro ligado às causas negras. Solano Trindade, que em 2008 completaria 100 anos, é considerado o poeta da "resistência negra" porque dedicou grande parte da sua obra ao tema. Estudou no Liceu de Artes e Ofício e, em 1930, passou a dedicar-se às poesias afro-brasileiras. Quatro anos depois, em 1934, participou do Congresso de descendentes de africanos, realizado em Recife. Formou grupos de artes populares, tentou mobilizar intelectuais para a defesa do tema. Em 1942, editou o livro "Poema de uma vida simples". Foi para São Paulo em 1954, onde fundou o Teatro Popular Brasileiro (TPB), lançou "Seis tempos de poesia" (em 1958) e "Cantares do meu povo" (1961), e, em em 19 de fevereiro de 1974, faleceu no Rio de Janeiro. Em novembro de 2008, foi homenageado pela Fliporto (feira de livros de Porto de Galinhas, que reuniu escritores de todo o mundo, teve como tema principal a África e definiu Solano como 'patrimônio da poesia brasileira').



Abaixo, trechos de alguns dos poemas de Solano:



".Tem gente com fome

tem gente com fome

tem gente com fome



Tantas caras tristes

querendo chegar

em algum destino

em algum lugar."

(Trechos de "Tem gente com fome")



".O meu canto

é o grito de uma raça

em plena liberdade



.Eu canto aos Palmares

odiando opressores

de todos os povos

de todas as raças

de mão fechada

contra todas as tiranias!"

(Trecho de "Canto dos Palmares")



"Sou negro

meus avós foram queimados

pelo sol da África

minh'alma recebeu o batismo dos tambores

atabaques, gonguês e agogôs

(Trecho de "Sou Negro")



"Ela é negra -

que graça esplêndida

no seu colorido"

(Trecho de poema "Poema à mulher negra")



"A vida me deu uma negra

para eu fazer poema

nesta manhã com cheiro de infância"

(Trechos de "A vida me deu uma negra")



"Não falarei de negros

da revolução

de nada

que fale do povo

serei totalmente apolítico

no versejar.

falarei contritamente de Deus

do Presidente da República

como poderes absolutos do homem

neste dia de amor

serei um grande F. da P."

(Trechos de "F. da P")



"Maria da Luz está com dores

é madrugada

a parteira

vem cantarolando

pela estrada

arrastando os chinelos

envelhecidos

a lua acompanha

a parteira pela estrada"

(Trechos das "Dores de Maria da Luz")



".- Eita negro!

quem foi que disse

que a gente não é gente?

quem foi esse demente,

se tem olhos não vê...



- Que foi que fizeste mano

pra tanto falar assim?

- Plantei os canaviais do nordeste

- E tu, mano, o que fizeste?

(Trechos de "Conversa")



"Estou conservado no ritmo do meu povo

Me torneu cantiga determinadamente

E nunca terei tempo para morrer"

(Trechos de Canto de esperança")



"Nem tudo está perdido amigos

nem tudo está perdido camaradas



Há medíocres

Imbecis

Preconceituosos

Mas é grande o número de puros

Dos simples

Dos que crêem no amor"

(Trechos de "Nem tudo está perdido")



"Vinde irmãos macumbeiros

Espíritas, católicos, ateus

Vinde todos os brasileiros

Para a grande reunião.

Para combater a fome

Que mata a nossa noção"

(Trechos de "Toque de reunir").

Link principal desse maravilhoso especial do DIÁRIO DE PERNAMBUCO, com acesso aos vídeos e galeria de fotos:
http://www.diariodepernambuco.com.br...s/quilombolas/
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