quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Aborígene australiano: origem África

Mikami Environmental Blog

 O seqüenciamento do genoma de um aborígene australiano, feito a partir de uma mecha de cabelo doada a um antropólogo do Reino Unido no início do século passado, indica que este povo pode ter chegado à Oceania aproximadamente 70 mil anos atrás – sendo, assim, a mais antiga população do planeta fora da África, muito antes dos povos que colonizaram a Eurásia.

 Até agora, a teoria mais aceita era a de que o homem deixou a África, seu berço, em uma única onda migratória. Fora de lá, espalhou-se quase simultaneamente para Europa e Ásia, e esta última leva originou ainda outra facção, que rumou para a Austrália, onde teria chegado há 50 mil anos. Os cabelos estudados pelo biólogo Eske Willerslev, do Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague no entanto, levantam outra possibilidade – e adiantam esta vinda. Segundo seu estudo, o êxodo africano foi dividido em duas levas. A primeira destinada à Oceania.  E a mais recente, quase 30 mil anos depois, foi a que separou asiáticos de europeus.

 “Os aborígenes da Austrália descendem dos primeiros exploradores humanos e foram os primeiros humanos modernos a atravessar territórios desconhecidos na Ásia antes de se dirigir para a Austrália“, explicou Willerslev, principal autor desta pesquisa.  Esta viagem extraordinária exigiu talentos excepcionais de sobrevivência e grande coragem“.   Nesse período, os antepassados dos europeus e os asiáticos atuais ainda estavam na África ou no Oriente Médio, esperando para empreender a conquista da Eurásia.

 “Nossa espécie estava parada em algum lugar no norte da África ou do Oriente Médio, quando alguns homens, provavelmente devido à escassez de recursos disponíveis ali, resolveram arriscar uma expedição inédita” notou Willerslev.  “Ainda não sabemos quantos eram, nem temos certeza de sua motivação. Mas não podemos descartar que ela possa ter sido simplesmente a curiosidade de um grupo”.

 A análise do DNA revela que os ancestrais dos aborígines separaram-se dos ancestrais de outras populações humanas entre 64 mil e 75 mil anos atrás. “Nenhum outro povo tem, como eles, raízes tão profundas com o lugar onde se fixaram,” analisou Willerslev. “São os únicos sobreviventes da primeira onda migratória. Perto deles, europeus e asiáticos não passam de um fenômeno recente”.

 Uma questão pendente ainda, segundo Willerslev, é a logística usada pelos pioneiros para chegar à Oceania, na época ainda mais distante da Ásia do que hoje. Neste cenário, a construção de barcos parece ter sido obrigatória. Mas como foram produzidos, ainda não se sabe.

 Essa é uma compilação dos artigos publicados em:

 Terra e o jornal O Globo

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